Vilma Guimarães Rosa Reeves não pôde conter as lágrimas ao visitar o Museu Casa "Guimarães Rosa" em Cordisburgo, a casa em que seu pai nasceu no ano de 1908.
A visita ocorrida nesta terça-feira, 21, foi acompanhada por seu marido Peter Quiney Reeves e pelo presidente da Academia Cordisburguense de Letras, Raimundo Alves de Jesus, sendo guiada pela casa por Fábio Junio Barbosa.
A entrada em cada cômodo da casa era uma verdadeira viagem pelo tempo. Vilma narrava lembranças do pai, seus costumes, seus gostos...
A escritora ficou maravilhada com a exposição "20 Anos do Grupo Miguilim", destacando no livro de presenças as emoções que vivia.
"Meu Pai está "encantado", mas deve estar feliz de espírito, porque, este belo Museu que foi a casa e a "venda" de meu avô, está realmente sensacional e honra sua memória!
Agradeço e Parabenizo muito emocionada."
Vilma contou ainda que seu pai esteve no sertão, propriamente dito, somente por duas oportunidades em toda a vida, tendo escrito o clássico "Grande Sertão: Veredas" em Paris, narrando um sertão próprio, metafísico.
Olhos marejados percorriam a venda do "Seu Florduardo" por todas as direções. Aquele local é sem dúvidas especial. Ali o pequeno Miguilim ouviu as primeiras estórias, rascunhou os pequenos contos, dando os primeiros passos para a genialidade literária.
Vilma conta que Florduardo era uma das pessoas mais importantes e influentes da época. Juiz de paz e comerciante, tinha todo os ganhos para o sustento da família provenientes deste armazém. Queria que o filho seguisse seus passos e também fosse comerciante, mas Joãozito tinha outra missão, queria estudar, partindo assim, anos mais tarde, para conquistar o mundo.
Por fim, no quarto do pai, as fotografias antigas com Guimarães Rosa quando criança, junto da família e até mesmo com a pequena Vilma ao colo, fizeram as emoções serem incontroláveis, sobretudo pelo som ambiente: Ali, o áudio original do discurso de posse de João Guimarães Rosa era reproduzido, finalizando - Ministro, está aqui CORDISBURGO.
No ano de 1967, em 13 de Novembro, segunda-feira, Vilma Guimarães Rosa lançava seu primeiro livro: "Acontecências", João disse que não iria comparecer ao evento para não tirar o foco da filha; enviando uma carta chamando-a de "jovem colega". Terminado o lançamento, ao fundo da festa, escondo, lá estava ele acompanhando tudo...
Nesta mesma semana, dia 16, quinta-feira, tomava posse na Academia Brasileira de Letras. No domingo, 19, pela manhã, emocionado, lia em um jornal a carta-resposta de sua filha, vindo a falecer naquela noite, em uma semana que o consagrou e o encantou, afinal "A gente morre é pra provar que viveu".
No alto das emoções, à frente da antiga máquina de escrever, sob os rascunhos de Sagarana, Vilma proferiu a seguinte frase: "Meu pai realmente não morreu".
Por Lucas Gustavo, Cordis Notícias
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