No dia 20 de novembro, o país celebra o Dia Nacional da Consciência Negra, data escolhida por marcar o dia da morte de Zumbi dos Palmares, um dos maiores símbolos de resistência e luta contra a escravidão. Por essa razão, a Secretaria de Estado de Educação (SEE) intensifica, durante todo o mês de novembro, as ações da Campanha Afroconsciência, iniciativa que visa reconhecer e valorizar a história e a cultura dos africanos na formação da sociedade brasileira.
Para marcar a data estão previstas diversas atividades nas escolas da rede estadual de ensino, como palestras, capacitações e apresentações culturais, além da realização da Caminhada da Promoção da Igualdade Racial, no dia 20 de novembro, que chega à sua terceira edição.
Para a superintendente de Modalidades e Temáticas Especiais de Ensino da SEE, Iara Pires Viana, um dos principais pontos que precisam ser ressaltados no mês de novembro é o fortalecimento da Campanha Afroconsciência em todo o Estado.
“Em 2015, apenas 20% das escolas estaduais apresentavam trabalhos referentes à Lei 10.639/03. Hoje, 70% apresentam excelentes projetos relacionados à História da África e cultura afro-brasileira. E isso é resultado do fomento realizado desde o início desta gestão”, comenta Iara.
A Lei nº 10.639 tornou obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-brasileira nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio e serviu de base para que as Superintendências Regionais de Ensino (SREs) e as escolas estaduais desenvolvessem atividades e resgatassem a contribuição do povo negro nas áreas social, cultural, econômica e política brasileira.
Dando a largada na programação do mês da Consciência Negra foi iniciada, no dia 1º de novembro, em Juiz de Fora, no Território Mata, a ação “20 Dias de Ativismo Contra o Racismo”, realizada pelo movimento Convergência Negra, em parceria com a Superintendência Regional de Ensino (SRE) de Juiz de Fora, com o Conselho Municipal para Promoção da Igualdade Racial e outros movimentos negros do município.
São dezenas de atividades realizadas diariamente, até o dia 20 de novembro, com a finalidade de mobilizar a sociedade civil, escolas estaduais, associações e ativistas sociais no sentido de reivindicar políticas públicas que visem o combate à crescente mortalidade de jovens negros e à disparidade social entre negros e brancos na cidade de Juiz de Fora. A programação conta com rodas de conversa, apresentações e intervenções culturais, debates e outras iniciativas.
A abertura contou com uma instalação denominada “Vidas Negras Importam”, em homenagem aos jovens que morreram em 2017 na cidade de Juiz de Fora, com o objetivo de sensibilizar a sociedade no sentido de repudiar o alto número de homicídios na cidade e a escassez de equipamentos e políticas públicas para a juventude.
A programação completa dos “20 Dias de Ativismo Contra o Racismo”, que inclui atividades em diversas escolas estaduais da cidade, pode ser consultada na página do movimento Convergência Negra no Facebook.
A superintendente regional de ensino de Juiz de Fora, Fernanda Moura, conta que as escolas estaduais estão promovendo diversas atividades para discutir a igualdade racial, tendo como desfecho a caminhada no dia 20 de novembro.
“Juiz de Fora tem uma enorme desigualdade racial e apresenta a maior taxa do estado de genocídio de jovens negros. A mobilização das escolas e da sociedade como um todo é muito importante para que a gente possa trabalhar intensamente com a temática, não apenas no mês de novembro, mas durante todo o ano”, explica Fernanda.
Para a superintendente Iara Pires Viana, a escola pode ser uma das possibilidades de enfretamento ao genocídio da juventude. “No dia 20 de novembro iremos participar da marcha contra o racismo, pela igualdade e pela vida em Juiz de Fora. A escolha da cidade se reflete diretamente aos números alarmantes com relação à violência contra a juventude negra. E a grande maioria dessa juventude está dentro das nossas escolas públicas”, pontua Iara.
A Secretária de Estado de Educação, Macaé Evaristo, estará presente na III Caminhada da Promoção da Igualdade Racial, em Juiz de Fora, e também em diversas atividades para discutir a temática durante o mês de novembro, entre elas, a abertura do 11º Fórum Pela Promoção da Igualdade Racial (FOPPIR), em Cataguases, no dia 17.
Ato em combate ao racismo
Em setembro de 2017, a Escola Estadual Fernando Lobo, em Juiz de Fora, foi alvo de vândalos que picharam uma parte externa do muro da escola com frases de cunho racistas. Diante disso, a comunidade escolar promoveu um abraço simbólico de paz na unidade, em repúdio à atitude.
O caso serviu de motivação para que alunos e funcionários fortalecessem ainda mais as discussões sobre o assunto, já que escola sempre promoveu ações que estimulam o respeito às diferenças e o combate ao racismo.
Dentro das atividades pedagógicas, a unidade de ensino oferece a disciplina Diversidade, que tem como um dos temas abordados a questão racial, além de palestras, gincanas, passeatas e manifestações artísticas, incluindo a cultura afro-brasileira. A unidade, que se tornou um símbolo do combate ao racismo na cidade, será ponto de encontro para a caminhada do dia 20.
Audiência pública
A Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) vai realizar, em Juiz de Fora, audiência pública para discutir o enfrentamento à violência e aos homicídios que afetam principalmente a juventude negra e pobre no país. Na audiência, será construindo um documento oficial, que posteriormente será entregue na Câmara Municipal de Juiz de Fora.
Agência Minas
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