De acordo com o estudo anual da consultoria Hays “Global Skills Index”, que mede o acesso ao talento em 33 países e apresenta tendências do mercado de trabalho de profissionais qualificados, a adoção de arranjos de trabalho mais flexíveis, como o temporário, vem crescendo em diversos países nos últimos cinco anos.
Para empresas e profissionais, no entanto, essa é uma mudança cultural grande, diz o CEO global da Hays, Alistair Cox. “Se você não estiver acostumado com esses conceitos, todas as práticas e políticas de gestão e RH estarão voltadas para a força de trabalho permanente”, diz. Ainda há dúvida, mesmo entre muitas empresas de países acostumados com esse arranjo, sobre como administrar esses profissionais no dia a dia.
Cox cita questões como o tipo de pacote de incentivo ou treinamento a que eles terão acesso, já que estarão lá por menos tempo do que os demais. “As empresas que conseguem melhor resultado são as que consideram todos como parte da força de trabalho. Porque você está construindo uma cultura organizacional para a companhia inteira, e não só para três quartos dela”, diz o CEO.
Além de adaptação nas políticas de RH, o cenário demanda novas habilidades de gestores. “Se você é um líder com trabalhadores permanentes e temporários na mesma equipe, você precisa saber uni-los e não pode ter uma abordagem de ‘nós vs. eles’, ou você terá atrito no sistema e resultados abaixo do desejado”, diz. O desafio cresce quando se leva em conta outras tendências que estão impactando o mercado de trabalho, como a presença de mais profissionais de gerações diferentes, com perfis e necessidades distintas – hoje, enquanto os mais jovens avançam no organograma, os profissionais mais velhos adiam a aposentadoria.
“No passado, um executivo sênior entendia o que alguém em um cargo iniciante fazia porque ele provavelmente havia passado por aquela função”, explica Cox. Hoje isso não é mais uma realidade, por causa da velocidade das mudanças decorrentes da tecnologia – muitas funções, afinal, nem mesmo existiam há alguns anos. “Isso exige uma série de habilidades da liderança sênior, de reconhecer que eu pessoalmente não tenho as respostas, mas sei que o mundo está evoluindo e preciso ter um time com uma série de habilidades, trabalhando de forma colaborativa”, diz.
Fonte: Valor Econômico, por Letícia Arcoverde, 16.10.2017
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