Sexta (18) o dia começou muito cedo para 34 estudantes da Escola Estadual Manoela Soares Bicalho, situada no bairro Vale do Sol, em Ipatinga, no Vale do Aço. Muito empolgados os jovens saíram de Ipatinga às 5 horas da manhã com destino à Belo Horizonte para conhecerem o museu e instalações do Estádio Magalhães Pinto – Mineirão. A ação foi promovida pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), em parceria com o Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de Minas Gerais (SINDEPOMINAS), que patrocinou o almoço e com o Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado de Minas Gerais (SINDPAS), que cedeu o ônibus da empresa Saritur para transportar os alunos.
O projeto foi dividido em três etapas. A primeira, que já foi realizada, teve como objetivo visitar a escola e tirar as fotos 3x4 dos estudantes que não tinham carteira de identidade. Já na segunda etapa, foram confeccionadas 350 carteiras de identidade. A última etapa começou em maio, quando as meninas da escola foram participar do programa do Domingão do Faustão da Rede Globo, e finalizou nesta sexta-feira, com a viagem à Belo Horizonte para conhecer o Mineirão.
Segundo o chefe da PCMG, delegado-geral João Octacílio Silva Neto, ações que promovem a cidadania e a aproximação entre a instituição e a comunidade são realizadas constantemente em todo o Estado. “Além do trabalho investigativo sempre fazemos intervenções com a sociedade para estreitarmos laços e promovermos a cidadania de todos. As crianças e adolescentes merecem nosso especial cuidado para que tenhamos adultos conscientes e engajados em um futuro promissor”, disse.
Uma equipe de policiais, designados pela delegada Rafaela Gigliotti, titular da Delegacia de Eventos, recepcionou aos garotos e promoveu uma visita à Delegacia Móvel, explicando seu funcionamento. Os investigadores também explanaram sobre o trabalho da Polícia Civil, os levaram para conhecer a Lagoa da Pampulha e os escoltaram durante todo o passeio.
De acordo com a delegada este tipo de trabalho pode mudar a vida das crianças e adolescentes. “Buscamos sempre estar próximos aos cidadãos. Participarmos deste tipo de ação é muito gratificante, pois estamos lidando com àqueles que são o futuro do nosso país. Assim, mostrar para eles como é a Polícia Civil, que estamos sempre dispostos a ajudá-los e protegê-los, além de podermos ser canal de potencial mudança em paradigmas, é maravilhoso", afirmou Rafaela.
Segundo a vice-diretora da escola e idealizadora do projeto, Raquel Neves Barbosa Passos, a comunidade a qual faz parte os estudantes é de extrema carência e muitos deles nunca tinham vindo à Belo Horizonte e muito menos conheciam o Mineirão. “Temos crianças de extrema vulnerabilidade e esta ação que a Polícia Civil nos auxiliou a concretizar foi um marco em suas vidas. A alegria de estarem aqui, de comerem em um restaurante, conhecerem a Delegacia Móvel e a própria delegacia, estarem próximos aos policiais que os trataram com tanta atenção, só temos a agradecer”, relatou emocionada.
Já o estudante Tiago Marques Botelho, 15 anos, estava impressionado com a visita, não só do estádio como também a Belo Horizonte, já que nunca tinha vindo à capital mineira. “Termos esta aula diferenciada, conhecer alguns lugares de referência na cidade foi maravilhoso. Além disto, sabermos mais sobre as profissões da Polícia Civil, a delegacia. Depois desta experiência pretendo estudar, fazer Direito e ser um policial”, afirmou.
O passeio durou cerca de quatro horas, entre a estada na delegacia, o passeio na Lagoa da Pampulha, o almoço e a visita ao Mineirão.
Entenda como a história começou
A história teve início com a necessidade que as crianças tinham de ter o documento de identidade para que pudessem viajar. E foi pensando nisso que a delegacia regional de Ipatinga confeccionou 350 identidades para os alunos que não tinham o documento. A ação contou com a parceria da Associação Atlética Acadêmica da Faculdade de Direito de Ipatinga (Fadipa).
O chefe do Departamento de Ipatinga, Gilberto Simão de Melo, destacou o trabalho. “Essa foi uma grande parceria que firmamos e espero que nos renda muitos frutos. Fazer carteira de identidade para essas crianças é uma grande ação social e ver o sorriso no rosto de cada uma delas, não tem preço. Fechamos com chave de ouro com a visita de hoje, que era o sonho de muitos deles”, afirmou.
O delegado Regional de Ipatinga, Helton Cota Lopes esclareceu como surgiu a ideia. “A vice-diretora da escola nos procurou pedindo ajuda porque ela queria fazer uma viagem com os alunos, mas eles não tinham carteira de identidade. Nos reunimos com o pessoal da Fadipa e começamos a trabalhar. Fizemos identidade para todos os alunos que ainda não tinham e levamos cidadania aquelas crianças”, contou.
A diretora sociocultural da Atlética, Ludimila Nicolau, explica que, além de intensificar as ações sociais, o trabalho também é uma maneira de fortalecer os laços dos estudantes com a comunidade carente. “Temos como ideia motivar as outras pessoas a saírem da passividade e alinhar-se à comunidade em busca de novas perspectivas”, resume.
Para o estudante Gabriel Júnior Beraldo Silva de Souza, 15 anos, que fez seu documento durante a ação da PCMG, o trabalho foi muito importante. “Agora posso viajar tranquilamente, consigo ser identificado e isso é muito legal. Se não fosse isso talvez não pudesse conhecer o Mineirão, que era meu sonho”, afirmou.
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