Com a política do governo chinês de incentivar a compra de empresas estrangeiras, o país asiático está de olho no Brasil, e a Fiat pode estar dentro do próximo negócio da China. É que o grupo ítalo-americano Fiat Chrysler Automobiles (FCA), da qual a montadora faz parte, é um grande alvo. Desde o começo do ano passado, circulam rumores de que chineses estariam comprando a FCA. Mas, nessa segunda-feira (14), as ações do grupo dispararam depois que a agência norte-americana de notícias Automotive News divulgou que representantes de uma conhecida fabricante de automóveis chinesa fizeram pelo menos uma oferta, que não teria sido aceita.
A FCA diz que não vai comentar o assunto. As chinesas também não comentaram. Um consultor do mercado automotivo, que preferiu não ser identificado por avaliar que o negócio ainda está muito no campo da especulação, disse que, para esse casamento sair, as duas partes têm que ganhar. “Quando se faz uma união dessas, há por trás o interesse de aumentar a penetração no mercado e reduzir custos. Temos que aguardar”, afirmou o especialista.
Não há especulação sobre quanto esse negócio custaria nem se a venda seria total ou parcial. Mas já é possível indicar quais seriam os ativos de maior interesse para o comprador. De acordo com uma fonte, a Fiat de Betim, que é a maior fábrica da FCA no mundo, estaria no pacote cobiçado.
Se, de um lado, a China quer comprar, de outro, o Brasil virou um ótima oportunidade de venda, pois, com a crise econômica, as empresas estão mais baratas. Segundo estimativas da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China (CCIBC), os chineses pretendem desembolsar US$ 20 bilhões na compra de ativos brasileiros neste ano, 68% a mais do que em 2016.
A fábrica da Fiat em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, é hoje a maior unidade de produção do grupo FCA. Sozinha, ela emprega 19 mil pessoas. Junto com a unidade de Goiana, em Pernambuco, produziu 381 mil veículos no ano passado, quando a receita foi de R$ 38 bilhões.
Apesar da retração do mercado automotivo no Brasil, com queda nas vendas, a Fiat manteve seu plano de investimentos em inovação e continuou com os lançamentos. De 2013 até agora, investiu cerca de R$ 15 bilhões.
Neste ano, a montadora lançou o Argo, que custa em torno de R$ 50 mil. No ano passado, lançou o Mobi, vendido a aproximadamente R$ 30 mil. De acordo com a assessoria, foi preciso investir nas linhas de produção. Já o número de funcionários foi mantido.
Efeitos da possível venda
Caso a bilionária transação seja concretizada, quais seriam os impactos da venda da Fiat nas atividades da Iveco em Sete Lagoas? Este foi o questionamento enviado à Assessoria de Imprensa na tarde de ontem pela reportagem do Megacidade.com, uma vez que a Iveco, inaugurada no ano de 2000, responde pela fabricação de caminhões Iveco leves, semipesados, pesados e micro-ônibus, além de comerciais leves da marca Fiat, sendo a sua capacidade produtiva de 70 mil veículos por ano. A fábrica situa-se numa área de 2,35 milhões de metros quadrados, dos quais ocupa, atualmente, 600 mil metros quadrados. A Assessoria de Imprensa recebeu a mensagem do site e, dentro de 24 horas, informará se há negociações com os chineses ou não e, se havendo, quais impactos terão na fábrica local da Iveco.
Da Redação com O Tempo
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