A Polícia Civil está cercando uma grande organização criminosa que realiza furtos de caminhonetes Toyota Hilux e realizava desmanches – um galpão em Sete Lagoas era utilizado para depenar os veículos. Dois mecânicos foram presos e já foram identificados mais duas pessoas que estão envolvidas diretamente nas ações criminosas.
Em uma coletiva realizada na manhã desta segunda (3) em Belo Horizonte, os chefes da Delegacia Especializada em Prevenção e Investigação ao Furto e Roubo de Veículos Automotores explicaram que a ação é coordenada e que o local escolhido estava operando como desmanche há pouco tempo.
Na última terça-feira (28), agentes vieram até a cidade onde encontraram uma Hilux já em franco processo de desmanche e ao menos peças de mais cinco caminhonetes já desmontadas. O veículo encontrado ainda em processo de depena foi furtado em Belo Horizonte.
Os agentes não informaram em qual bairro de Sete Lagoas está localizado o galpão onde aconteceu os furtos, porém, de acordo com a investigação, ele era usado como desmanche há 15 dias aproximadamente. Duas pessoas, de 19 e 22 anos, foram presas na ação – o delegado Filype Utsch aponta que eles eram mecânicos, não atuavam no furto das Hilux e não tinham passagem pela polícia. “Eles são rápidos, porque quando chegamos lá, ela [a caminhonete recuperada] já estava toda depenada”, afirma.
A ação foi rápida e os mecânicos não resistiram a prisão. Um deles se apresentou como proprietário do local. De acordo com a Polícia Civil, por não terem ficha criminal já estão em liberdade.
No galpão, além da Hilux recuperada (que já estava com placa clonada), foram encontrados peças de mais cinco caminhonetes já desmanchadas. Segundo os delegados, a venda destes materiais poderiam render para as organizações criminosas R$ 75 mil. “Eles [a quadrilha] estão muito bem equipados para dar estes golpes. Essa recuperação de terça-feira passa da casa de R$ 1,5 milhão”, afirma Filype Utsch, trazendo a cifra de avaliação de todos os veículos ali depenados.
Ainda na coletiva, os agentes asseguram que estão sendo rastreado mais duas pessoas, que seriam os responsáveis pelos furtos, e que usam tecnologia para conseguir levar as Hilux. Foi apresentada uma peça que colocada no veículo, bloqueia o sinal de rastreamento da caminhonete. A ação criminosa ainda não teve mapeamento realizado, mas se suspeita que age em todo o estado. Ao menos 31 Hilux foram furtadas em Belo Horizonte apenas neste ano – uma por dia. Em 2024, foram 212.
O destino das peças, ainda segundo os delegados, era vendas da internet e em oficinas. A escolha pela Hilux seria porque é uma das caminhonetes mais vendidas do Brasil – e com isso, a procura por peças é alta: “O que ficaria ali [de peça no galpão] seria pouca coisa. Qual é o objetivo do integrante da organização criminosa? E desmanchar e retirar imediatamente as peças identificáveis”, afirma Sérgio Belizário, chefe da Delegacia Especializada em Prevenção e Investigação ao Furto e Roubo de Veículos Automotores.
A quadrilha que furta Hilux está sendo investigada por receptação qualificada e adulteração de sinal de identificador de veículos, já que elas estavam com placas frias. A Polícia Civil chama este grupo de organização criminosa porque não consegue qualificar quantas pessoas estão envolvidas neste crime – os dois presos em Sete Lagoas seriam apenas a “base”: “Isso é uma rede que passa desde a pessoa que fornece nome, CPF e conta bancária para fazer a lavagem de capital, o motorista… São inúmeras pessoas. Todas elas estão identificadas, e nos próximos meses estaremos a desencadear uma operação a nível estadual e talvez federal”, pontua o delegado Sérgio Belizário.
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