No final de 2024 e início de 2025, o casal Reginalda Leão e Davi embarcou em uma aventura de seis dias pelos "Caminhos de Rosa", percorrendo mais de 300 km entre Três Marias e Cordisburgo, com uma extensão final até Araçaí. A experiência foi uma combinação de desafios, hospitalidade e aprendizados, tudo vivido intensamente sobre duas rodas.
A viagem começou no dia 27 de dezembro, com a saída de Três Marias em direção a Pedras, num trajeto de 43 km. Sem planejamento detalhado sobre onde dormiriam ou comeriam, o casal deixou as coisas acontecerem naturalmente. Ao chegar a Pedras, foram acolhidos pelo Sr. Tonho Maçarico e sua família, que lhes ofereceram almoço e um lugar para passar a noite. A principal lição deste dia foi a simplicidade: "Na vida, leve apenas o necessário. Melhor que ter dinheiro é conhecer pessoas".
No segundo dia, enfrentaram mais 43 km entre Pedras e Andrequicé sob chuva, lama e com direito a um tombo, felizmente sem grandes consequências. Apesar do cansaço extremo, chegaram por volta das 13h e se alimentaram com um pão com ovo antes de seguir para a pousada. Lá, a família de Dona Vera os recebeu com café quentinho, bolo de milho e uma prosa acolhedora. A reflexão do dia mostrou que "nem todos os dias serão iguais; é preciso persistir no caminho para chegar ao destino".
O terceiro dia, entre Andrequicé e Buritizinho, foi mais curto, com 35 km, mas o trajeto não foi menos desafiador. A areia, a lama e a chuva tornaram o percurso mais lento, mas, ao final, o casal encontrou descanso na casa de Sr. Tião e Dona Marta. Este dia reforçou a importância da resiliência para se adaptar às condições adversas do caminho.
No quarto dia, entre Buritizinho e Morro da Garça, mais 35 km foram percorridos, novamente com lama e problemas mecânicos. A bicicleta de Reginalda apresentou falhas, e Davi precisou empurrá-la por vários quilômetros. Apesar disso, chegaram à pousada Sol e Lua do Sertão, onde Dona Rosa e Felipe os receberam com hospitalidade. Ao final, a lição foi clara: "Nem tudo que parece é, nem tudo que dizem é verdade. Faça você seu próprio caminho".
O quinto dia, entre Morro da Garça e Curvelo, foi de mais 38 km marcados por tempestades, areia, lama e trovões. Com a bicicleta novamente apresentando problemas, Davi precisou ajudar Reginalda mais uma vez, mas a chegada a Curvelo foi especial, com o acolhimento amoroso da mãe de Reginalda. "Nem sempre as coisas saem como queremos, mas é importante termos com quem contar e seguirmos firmes", foi a grande reflexão do dia.
O sexto dia, de Curvelo a Cordisburgo, foi o mais longo e desafiador. Após a bicicleta quebrar logo nos primeiros quilômetros, o percurso planejado de 50 km se estendeu para quase 70 km, com sol escaldante, chuva, lama e trilhas escuras que aumentaram a tensão do trajeto. Apesar de todos os perrengues, o casal chegou a Cordisburgo às 20h, sendo recebido por Felipe na Pousada Casa Verde. Para eles, "recalcular a rota é necessário; o importante é não desistir".
No sétimo e último dia, a viagem se estendeu até Araçaí, num percurso leve, mas que foi realizado com o corpo já exausto pelo acúmulo de esforço dos dias anteriores. Lá, foram acolhidos por Tio Lázaro e Mundinha, encerrando a cicloviagem com um misto de alegria e saudade. A última lição do percurso foi um lembrete para a vida: "Viva tudo que há para viver e permita-se aprender, sentir e escrever sua história".
Durante toda a viagem, Reginalda compartilhou os momentos e aprendizados em seu Instagram, inspirando seus seguidores e mostrando que o ciclismo vai além do esporte: é uma forma de conexão com as pessoas, a natureza e, principalmente, consigo mesmo. Foram 300 km de superação e gratidão, em que cada dificuldade e encontro se transformaram em histórias inesquecíveis. Como diria Guimarães Rosa, “o que a vida quer da gente é coragem”.
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