Na semana passada, o Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias (Seinfra), anunciou um conjunto de intervenções que beneficiarão a mobilidade e a infraestrutura rodoviária da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), com foco na concessão do Lote Rodoviário Vetor Norte.
No encontro onde foram anunciadas as obras, participaram lideranças da região, dentre elas o prefeito de Sete Lagoas, Duílio de Castro, o prefeito eleito, deputado estadual Douglas Melo, e o prefeito reeleito de Prudente de Morais, Jocimar Brandão. O projeto abrange 123,4 quilômetros de rodovias, incluindo trechos das MG-010, MG-424 e LMG-800, que passam por importantes municípios como Sete Lagoas, Prudente de Morais, Matozinhos, Lagoa Santa, e Belo Horizonte.
A iniciativa é uma das mais aguardadas da região, visando melhorar a fluidez do trânsito e reduzir o tempo de viagem para quem utiliza essas vias diariamente. Porém, as intervenções são vistas com resistência quando foi colocada a possibilidade de um pedágio entre Prudente de Morais e Sete Lagoas.
O deputado estadual e prefeito eleito de Sete Lagoas, Douglas Melo, avaliou positivamente a nova proposta do governo estadual para a duplicação da MG-424, importante estrada que liga Sete Lagoas à região metropolitana de Belo Horizonte. No entanto, manifestou contrariedade em relação à inclusão de um pedágio no trecho entre Sete Lagoas e Prudente de Morais.
Segundo Douglas, o novo projeto representa um avanço significativo em comparação com a proposta anterior, especialmente porque prevê a duplicação completa da estrada, incluindo contornos em Prudente de Morais e Matozinhos. Ele destacou a importância da obra para melhorar a mobilidade e a segurança na região. “A duplicação completa é um passo essencial, e o novo modelo de cobrança, baseado no trecho percorrido, é mais justo para os usuários”, afirmou.
CONTRA O PEDÁGIO
No entanto, o prefeito eleito se posicionou contra a instalação de um pedágio entre Sete Lagoas e Prudente de Morais. “Esse trecho é muito curto e seria um impacto negativo para os trabalhadores que vivem em Prudente e trabalham em Sete Lagoas, assim como para os sete-lagoanos que se deslocam frequentemente para Prudente. Não faz sentido onerar essas pessoas com uma cobrança nesse trajeto”, criticou.
Douglas Melo reforçou que a obra é urgente e não deve ser postergada, considerando a falta de recursos estaduais para uma intervenção desse porte. Ele acredita que a solução via parceria público-privada pode viabilizar a duplicação em um prazo razoável. “Precisamos dessa obra, mas vamos insistir no diálogo para evitar o pedágio nesse trecho curto e garantir que a solução atenda de forma justa a toda a população”, concluiu.
O prefeito de Prudente de Morais, Jocimar Brandão, também compartilha da mesma opinião e espera que a população seja ouvida. “Nos explicaram algumas situações, mas, por enquanto, ainda está tudo em fase de estudo. Vão começar algumas audiências públicas para discutir essas questões. Entre elas, está a definição dos locais onde serão instalados os pedágios, e alguns prefeitos já demonstraram discordância com algumas propostas. Isso ainda precisa ser melhor elaborado”, alertou.
Segundo Jocimar, é urgente as melhorias na MG-424. “Acredito que é essencial que algo seja feito para melhorar a estrada, porque, do jeito que está, não dá mais. No entanto, é preciso pensar também no impacto que essas mudanças terão sobre os cidadãos. O projeto tem realmente algumas questões que eu já me posicionei contra, principalmente porque Prudente de Morais é uma cidade extremamente dependente de Sete Lagoas. Pedimos a retirada desse pedágio. O Duílio de Castro deu apoio à nossa demanda, o Douglas também defendeu isso com muita firmeza, e a deputada Ana Paula Siqueira já se manifestou favoravelmente em outra reunião que tivemos. Estamos insistindo para que essa análise seja feita com cuidado. Outros prefeitos também discordaram de alguns pontos desse projeto, e ainda estamos em fase de conversas”, ressaltou.
Para Jocimar, Prudente de Morais é a única cidade menor da região com uma dependência tão grande de Sete Lagoas. “Outras cidades, como Matozinhos, têm uma estrutura maior e nem todos precisam recorrer a Sete Lagoas, mas aqui é diferente. Dependemos de Sete Lagoas para saúde, educação, trabalho e várias outras coisas. Agora, vamos aguardar para ver o que será apresentado oficialmente, mas já adianto que não vamos aceitar de forma alguma essa ideia de pedágio nesse trecho. É algo completamente incabível para a nossa realidade”, concluiu.
A PROPOSTA
Entre as principais intervenções anunciadas estão a construção de três contornos viários nas cidades de Lagoa Santa, Prudente de Morais e Matozinhos, que somam mais de 31 quilômetros de novas rodovias, com duplicação de pistas. Esses contornos são essenciais para desviar o tráfego pesado das áreas urbanas, oferecendo mais segurança e agilidade para motoristas e pedestres.
O Governo de Minas destaca que, com essas obras, estima-se uma redução de até 27 minutos no tempo de deslocamento entre Belo Horizonte e Sete Lagoas, o que representa uma economia de aproximadamente nove dias por ano atualmente gastos no trânsito. A economia também será significativa para os turistas que visitam a Serra do Cipó, com a redução de 21 minutos no trajeto.
Além dos contornos, o projeto prevê a construção de 34,29 quilômetros de duplicações, faixas adicionais e terceiras faixas, além de 105,8 quilômetros de acostamentos e a readequação de vias marginais. Estas melhorias visam aumentar a capacidade da rodovia, que atualmente possui 45% de pistas simples.
INVESTIMENTOS
O projeto de concessão também inclui a recuperação e manutenção contínua da malha viária, com ações como recapeamento, eliminação de trincas, renovação de sinalização e substituição de placas. Além disso, será implantado um sistema de pedágio “free flow” (sem cancela), que promete maior segurança e agilidade ao tráfego. O modelo de cobrança sem paradas para pagamento já foi testado em outros estados e teve sucesso, com uma taxa de inadimplência abaixo de 3%, a menor registrada no país.
Para garantir maior segurança, o projeto ainda prevê a construção de novos viadutos, passarelas e pontos de ônibus ao longo das rodovias, o que ajudará a evitar mais de 2,5 mil acidentes nos próximos dez anos. O investimento total nas obras e serviços ao longo de 30 anos é estimado em R$ 3 bilhões, com R$ 1,3 bilhão destinados a serviços de atendimento médico de emergência e guincho.
A estimativa é de que o projeto gere mais de 24 mil empregos diretos e indiretos, além de impulsionar a arrecadação fiscal nos municípios envolvidos, com uma previsão de R$ 600 milhões provenientes do Imposto Sobre Serviços (ISS).
A consulta pública sobre o projeto foi aberta e está disponível no site da Seinfra, permitindo que a população e as lideranças locais apresentem suas contribuições. O edital para o leilão da concessão está previsto para ser publicado no primeiro trimestre de 2025, com o leilão programado para o segundo trimestre do mesmo ano.
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