Após 175 dias sem chuvas significativas em Sete Lagoas, BH e região, usuários das redes sociais levantaram a possibilidade de que as primeiras precipitações fossem ácidas e prejudiciais à saúde. No entanto, especialistas descartam essa hipótese.
A professora Taciana Toledo Albuquerque, do curso de engenharia sanitária e ambiental da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), esclareceu que as primeiras chuvas que atingiram BH e cidades do entorno não se enquadram como chuvas ácidas.
Ela explicou que, para ocorrer o fenômeno, a precipitação precisa reagir com ácidos sulfúrico e nítrico, apresentando um pH (que mede a acidez) abaixo de 5,5. Um pH abaixo de 7 já indica que a substância é ácida.
Taciana faz parte de um grupo de estudo da UFMG que analisa amostras de chuva de todo o país, incluindo aquelas coletadas na estação da Pampulha. A pesquisadora reafirma a improbabilidade de chuva ácida em Belo Horizonte. "Nem em Mato Grosso do Sul, com incêndios muito mais recorrentes, observamos pH abaixo de 5,5. Mesmo com a poluição no ar, estamos longe de uma chuva ácida", afirmou.
O diretor do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Lizandro Gemiacki, destacou que as primeiras chuvas após a seca são, na verdade, benéficas para a saúde. "Essas chuvas ajudam a limpar a atmosfera, que estava carregada de fuligem dos incêndios, e aumentam a umidade relativa do ar, melhorando a qualidade da respiração.
A chuva ácida é um fenômeno raro, que ocorre em áreas com grande concentração de indústrias químicas, algo distante da nossa realidade", concluiu.
Chuvas ácidas no Brasil
Taciana explicou que o fenômeno da chuva ácida está controlado no Brasil devido ao monitoramento e controle das emissões de gases na atmosfera.
Ela ressaltou que os avanços na regulamentação ambiental têm contribuído para reduzir os fatores que poderiam levar à ocorrência de precipitações ácidas.
Sobre os últimos registros de chuvas ácidas no país, Taciana mencionou que, embora raros, alguns casos foram identificados em áreas industriais específicas, principalmente no passado.
Esses episódios foram estudados cientificamente e registrados em publicações acadêmicas que analisaram as precipitações e confirmaram a presença de pH baixo devido à emissão de poluentes.
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