Magna Laurinda, que teve o corpo encontrado dentro de uma cisterna que fica nos fundos da casa do pai, na região de Venda Nova, em Belo Horizonte, foi vítima de uma ’emboscada’ armada pelos familiares. As informações foram repassadas pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) em coletiva de imprensa realizada na tarde dessa terça-feira (28).
De acordo com os investigadores, o crime, descoberto na terça-feira (27), foi premeditado para ocorrer na quinta-feira pela manhã, mas a mulher não foi. Caso tivesse se encontrado com os suspeitos, ela teria levado a filha de 3 anos, que também estaria em risco.
Segundo o delegado Alexandre Oliveira da Fonseca, responsável pela investigação, o crime foi planejado pela madrasta de Magna, Marluce de Jesus, de 54 anos, e a filha Paloma Pereira de Jesus, 25, que se beneficiavam direta e indevidamente de valores financeiros de Walter Olégario Pimentel, de 74 anos, pai da vítima. “O senhor Walter tem demência, e as suspeitas, infelizmente, se aproveitaram desta condição para realizar um empréstimo de R$ 40 mil, gastos em apenas seis meses, além de fazer com que ele assinasse um termo de doação da residência em que mora para Marluce”, explicou.
Ainda segundo a PCMG, Magda foi morta com facadas no pescoço pelo filho mais velho da madrasta. Já o churrasco, realizado no domingo (25), teria sido planejado para comemorar morte.
O corpo dela foi encontrado dentro de uma cisterna que fica nos fundos da casa do pai dela, localizada no bairro Candelária, A PCMG prendeu na tarde de terça-feira (27) os seis suspeitos de cometerem o crime. Entre eles estão a madrasta de Magna e os quatro filhos da mulher, além de uma namorada de uma das outras suspeitas.
As investigações apontem que, dias antes de morrer, Magna, já ciente da exploração financeira sofrida pelo pai, foi até a residência para conversar com a família. “Durante a conversa entre Magna, Marluce e os filhos, houve discussão entre as partes. Diante da situação, Paola atuou como apaziguadora da briga familiar, o que mais tarde, foi um ponto crucial para o desenrolar do crime”, detalhou Fonseca.
O delegado explica que, cientes de que a vítima sabia das ações de abuso financeiro, decidiram armar uma emboscada. “Como Paola atuou como apaziguadora em briga anterior, ela foi ‘eleita’ para ganhar a confiança de Magna”, pontuou. Na última quinta-feira (22), Paola ligou para Magna, informando que o pai dela estaria doente, mas que não tinha condições de levá-lo ao hospital. Durante a conversa, Magna informou que não iria na quinta, mas que faria uma visita na sexta-feira.
Chegando na casa, a vítima foi atraída para os fundos da casa, onde foi atacada por Gilmar Pereira Calmos, o filho mais velho de Marluce.
Morte por dinheiro
À reportagem, familiares da vítima disseram que ela foi vista pela última vez depois de deixar a filha na escola, também na região de Venda Nova. Ela seguiu para casa do pai depois de receber um telefone de um dos filhos da madrasta e não voltou mais.
A suspeita inicial da Polícia Civil é de que uma briga pela herança do pai de Magna seria a motivação para o crime. O idoso é aposentado e está acamado há meses. Segundo relatos de vizinhos, o homem vive bastante debilitado e não possui plenas faculdades mentais.
Magna teria descoberto movimentações bancárias suspeitas na conta do pai antes de morrer. Os policiais informaram que cerca de R$ mil foram retirados da conta do idoso. Desses, R$ 9 mil foram usados para apostar no “Jogo do Tigrinho”, plataforma de jogos de azar online.
Segundo as informações iniciais, a madrasta confirmou aos investigadores que o filho mais velho dela matou Magna e ela ajudou a ocultar o corpo.
Amigos e familiares da mulher encontrada numa cisterna em Belo Horizonte, nessa terça-feira (27), buscam justiça para tentar amenizar a dor da trágica morte de Magna Laurinda Ferreira Pimentel, vista como uma mulher determinada e solidária.
Um dia após o corpo da vítima ser localizado, Josi Sousa, amiga de Magna, ressalta as memórias da amizade de 15 anos. “Nós nos conhecemos quando trabalhávamos em empresas próximas. Depois disso, passamos a sair juntas e frequentávamos as casas uma da outra”, recorda.
Entre os amigos, Magna, de 42 anos, era carinhosamente conhecida como Maguinha. A ex-vendedora de loja fez carreira no setor, chegando a ser gerente de um comércio. Depois, conseguiu se formar em contabilidade e trabalhava, recentemente, com recursos humanos. “As características mais marcantes da Maguinha eram a determinação e a solidariedade. Se eu estivesse com um problema e ela também, o meu era mais importante para ela”, comenta Josi.
Josi é uma das amigas que montaram um grupo virtual com o ex-marido de Magna para tentar recolher informações quando perceberam o desaparecimento dela, na última sexta-feira (23).
“Maguinha demorou a engravidar. Ser mãe sempre foi o sonho dela. Então, quando perceberam que ela não havia buscado a filha na escola, entendemos que havia algo errado. Ela jamais deixaria a filha abandonada na escola”, contou sobre os últimos momentos de Magna com a filha de 4 anos.
A Polícia Civil identificou que Magna havia descoberto um possível golpe contra o pai dela, um idoso acamado. A companheira do homem e os enteados estariam desviando dinheiro dele. Fontes ligadas à investigação apontam que somente nos últimos dois meses foram R$ 40 mil, sendo que R$ 9 mil foram usados no Jogo do Tigrinho.
“Magna desconfiava desse esquema e comentou com uma amiga nossa e com o ex-marido. Ela disse que suspeitou após a madrasta fazer uma união estável e, de imediato, contratar um empréstimo de R$ 40 mil em nome do pai dela”, comenta Josi.
“Uma semana depois de descobrir isso, Maguinha recebeu uma ligação avisando que o pai dela estava doente. Ela foi até a casa dele. Depois disso, não foi mais vista”, detalha a amiga.
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