O Ministério da Fazenda publicou recentemente o funcionamento de jogos de aposta online, incluindo caça-níqueis digitais e o popular “jogo do tigrinho”. Lembrando que as apostas esportivas (as chamadas Bets) já haviam sido regulamentadas no início do ano.
Para entender por que essa regulamentação distinta é importante entender que essas duas formas de buscar lucros rápidos se dão em diferentes estruturas e propósitos. Enquanto as apostas se aproximam mais do funcionamento de uma loteria, o “Fortune Tiger” se enquadra na categoria dos jogos de azar, que são proibidos no Brasil. .
No entanto, independentemente do modelo, nos últimos anos, o Brasil tem testemunhado um crescimento exponencial na prática das apostas esportivas e outros jogos de azar. “Este fenômeno, amplamente impulsionado por campanhas publicitárias massivas e a presença constante em plataformas digitais, está gerando sérias consequências para a saúde financeira de milhões de brasileiros”, alerta Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (ABEFIN), .
Outro problema das apostas é que ela afeta a economia como um todo, se as varejistas já eram bastante afetadas pelo aumento das apostas online por parte da população, agora até setores mais resilientes, como o de farmácias e telecomunicações, observam mudanças nos hábitos de seus clientes, com parte da renda indo para as bets.
Apostas não são investimentos: priorize a saúde de suas finanças
Segundo Reinaldo Domingos já passou da hora de um debate mais sério sobre esse tema, necessitando de um alerta urgente sobre os riscos financeiros associados a essa prática. "Hoje temos milhões de pessoas que apostam. Isso correi as finanças de muitas pessoas," afirma Domingos. Ele observa que atualmente mais brasileiros estão gastando dinheiro em apostas do que investindo, o que revela um descontrole financeiro generalizado. As pessoas estão buscando soluções milagrosas em vez de confiar na educação financeira e no planejamento estruturado para melhorar sua situação econômica.
As apostas esportivas, que movimentaram um mercado potencial de R$ 31 bilhões anuais em 2022, não devem ser confundidas com investimentos. Como destaca Domingos, "as apostas não trazem nenhuma perspectiva de retorno para o valor investido. Elas não são uma renda extra."
A realidade é que, para cada vencedor, há uma grande maioria que perde. É ínfima a porcentagem dos apostadores que ganha, e ao longo do tempo a grande maioria acaba perdendo dinheiro, comprometendo suas finanças pessoais e adiando a realização de seus sonhos.
Além do impacto financeiro, o vício em apostas tem profundas implicações sociais e psicológicas. Muitas pessoas estão recorrendo a adiantamentos salariais e comprometendo seus recursos para tentar recuperar perdas, deixando de lado despesas essenciais como alimentação, vestuário e medicamentos. O vício em apostas precisa ser encarado com seriedade, pois a curto, médio e longo prazo, ele é prejudicial.
Psiquiatras que estudam a formação de vícios alertam que o comportamento de apostar, motivado pela expectativa de ganho e o consequente aumento de dopamina, pode levar à dependência. "A pessoa sempre acha que pode parar, mesmo quando está trocando atividades essenciais por um comportamento doentio," explica o presidente da ABEFIN.
Necessidade de educação financeira
Reinaldo Domingos enfatiza diante dessas regulamentações, a educação financeira emerge como uma ferramenta crucial para prevenir que mais pessoas caiam na armadilha das apostas. O ideal, segundo Reinaldo Domingos, é não apostar para manter a saúde financeira, contudo, para aqueles que ainda insistem em usar parte de suas rendas nessa ação, o educador financeiro sugere seguir algumas regras de ouro:
1. Aposta esportiva não é investimento nem renda extra. Encare como uma opção apenas de lazer.
2. Defina quanto da sua renda mensal vai para entretenimento e, dentro desse montante, estabeleça um limite para apostas, sem expectativa de retorno financeiro.
3. Não direcione todo seu dinheiro destinado ao entretenimento para as apostas.
4. Evite apostas se você já tem outros vícios, sobretudo os que têm estímulo oral (álcool, comida, etc.).
5. Afaste-se das apostas caso ultrapasse o tempo previsto jogando.
6. Se o impulso de descumprir compromissos para apostar surgir, é hora de parar.
A conscientização sobre os riscos das apostas e a promoção da educação financeira são passos essenciais para proteger as finanças pessoais e garantir um futuro mais seguro e estável para todos os brasileiros.
Sobre a regulamentação
A regulamentação de jogos de aposta online, incluindo caça-níqueis digitais e o popular “jogo do tigrinho”, que entra em vigor em 2025, estabelece regras específicas para a operação dessas plataformas no Brasil. Contudo, não vão impactar diretamente no maior problema, que é o descontrole relacionado a esse tema.
Veja as principais regras da regulamentação:
Mín. 16° Máx. 28°