A leucemia é um tipo de câncer que tem origem na medula óssea, onde são produzidas as células do sangue: glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), as leucemias são as neoplasias que mais acometem crianças e adolescentes.
O tratamento padrão é a quimioterapia, que pode ser administrada por via oral, intravenosa, intramuscular ou intratecal. Entretanto, a Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale) informa que, em algumas situações, o transplante de medula óssea (TMO) pode ser uma opção.
Também chamado de transplante de células-tronco hematopoéticas (TCTH), o procedimento substitui a medula óssea doente por uma saudável e permite que o corpo
produza normalmente as células sanguíneas. A alternativa depende da análise de um oncologista especialista em pediatria, que irá observar as características da doença, o quadro do paciente e a disponibilidade de um doador compatível.
Em casos de Leucemia Linfoide Aguda (LLA), o transplante pode ser indicado para crianças que não respondem bem ao tratamento inicial ou recidiva após entrar em remissão. Já em crianças com Leucemia Mieloide Aguda (LMA), é possível que o transplante seja recomendado logo após a remissão, caso haja doador compatível, pois a doença costuma recidivar com maior frequência.
A recuperação pós-transplante exige cuidados intensivos, visto que o corpo fica mais vulnerável às infecções. O Inca indica o uso de máscara nos primeiros meses, até que o médico oriente a liberação. Para evitar a transmissão de doenças pelo contato manual, também é preciso manter uma limpeza cuidadosa das mãos.
Outra recomendação é sobre a higienização dos alimentos manipulados ou crus, que podem estar contaminados. Também é preciso redobrar a atenção com as datas de validade. O paciente deve ser orientado por um nutricionista, responsável por definir a dieta adequada e os cuidados para a preparação.
O Inca explica que, na leucemia, uma célula que ainda não atingiu a maturidade sofre uma mutação genética que a transforma em célula cancerosa. Esta não funciona de forma adequada, se multiplicando mais rápido e morrendo menos do que as células normais.
Dessa forma, os glóbulos brancos ou leucócitos se tornam células doentes e aumentam de forma descontrolada, comprometendo a função de defesa e levando ao risco de infecções. Eles se dividem em dois tipos: o de linhagem linfoide, que evolui para os linfócitos, e o de linhagem mielóide.
A Leucemia Linfoide Aguda é o tipo mais comum em crianças e adolescentes, responsável por 75% dos casos, conforme a Abrale. O percentual de cura é considerado alto nessa faixa etária e pode chegar a 90%, enquanto nos adultos é de 50% em pessoas de até 60 anos.
Segundo a Associação para Crianças e Adolescentes com Câncer (Tucca), apesar da resposta às terapias ser mais rápida na infância, os tumores nesta faixa etária são mais agressivos e evoluem com maior velocidade. Por isso, é necessário que o diagnóstico seja rápido e que a família procure ajuda médica caso observe sintomas da doença.
Sensação de cansaço extremo, anemia, febre persistente, manchas roxas, sangramentos e aumento dos gânglios linfáticos ou ínguas são alguns dos sinais de alerta, que exigem uma investigação clínica.
O médico irá realizar um exame físico e sugerir um hemograma para verificar alterações das plaquetas e dos glóbulos brancos. Entretanto, o exame definitivo deve ser feito através da biópsia na própria medula óssea. Quanto mais cedo for realizado o diagnóstico e o tratamento, maior a chance de cura.
O transplante de medula óssea é um procedimento que salva vidas, mas depende da conscientização e da solidariedade de alguém que se disponibilize a fazer a doação voluntária, seja um familiar ou desconhecido.
Para ser um doador, o Inca informa que é necessário ter entre 18 e 35 anos, estar em bom estado de saúde, não ter doença infecciosa transmissível pelo sangue e não apresentar histórico de doença neoplásica, hematológica ou autoimune.
Ao se cadastrar no banco de doadores, é preciso apresentar um documento original de identidade e preencher um formulário com informações pessoais. Logo após, é coletada uma amostra de sangue de 5ml para testes de tipificação HLA para a compatibilidade do transplante.
Os dados são incluídos no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome) e, caso seja identificada a compatibilidade com um paciente, o doador será contatado para a realização de mais testes.
O Inca explica que a chance de compatibilidade é de 30% entre irmãos e muito menor quando são buscados doadores não-aparentados. Por isso, existem registros em diferentes países, que totalizam mais de 38 milhões de doadores no mundo.
Ao ser confirmada a compatibilidade e o bom estado de saúde, a doação é agendada e costuma levar 60 dias, não sendo necessária nenhuma mudança de hábitos, alimentação ou trabalho. No site do Ministério da Saúde podem ser encontradas as principais informações sobre o procedimento.
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