Mais de 480 pessoas de um total de 30 municípios participaram do projeto “Mutirão Esse é Meu Nome – Retificação de Nome e Gênero de Pessoas Transexuais e Travestis”, promovido pela Defensoria Pública de Minas Gerais (DPMG) ao longo do mês de julho.
Foi a primeira edição em âmbito estadual, realizada de forma simultânea em Belo Horizonte e no interior.
Um evento na Unidade I da DPMG em Belo Horizonte marcará o encerramento oficial desta edição do mutirão. Haverá a apresentação de um balanço, depoimentos de assistidas e assistidos, entrega simbólica de certidões e palestra de Gisella Lima, mulher trans, ativista defensora dos direitos humanos, com atuação em todo o país e estudante de Gestão Política pela UFMG.
O evento será no dia 2 de agosto, no auditório da Unidade I em Belo Horizonte (Rua dos Guajajaras 1.707/2º andar), a partir das 9h30, com transmissão pelo canal da Defensoria no Youtube (c/defensoriamineira). Unidades da DPMG no interior também irão realizar eventos de encerramento em datas específicas.
No total, o “Mutirão Esse é o Meu Nome” teve 483 inscritos em 30 unidades da Instituição ao redor do estado. A capital mineira foi o município que mais recebeu inscrições: 159 pessoas foram atendidas.
Também se destacam os municípios de Alfenas (48 inscrições), Juiz de Fora (44) e Uberlândia (42). De todos os 30 municípios participantes, Além Paraíba, Jaboticatubas e Pirapetinga não receberam inscrições.
Cidadania e inclusão social
O “Mutirão Esse é o Meu Nome” foi uma importante oportunidade para que pessoas transexuais e travestis de todo o estado pudessem ter acesso pleno à cidadania, inclusão social e resgatasse sua autoestima.
Johan, 31, esperou por quatro anos pelo momento em que fosse receber seus documentos retificados. Ele conta que ficou sabendo do projeto através de uma postagem de um amigo no Instagram. Mesmo com o processo correndo normalmente, Johan não deixou de se sentir ansioso.
“As pessoas, muitas vezes, não entendem que essa é uma grande vitória na vida de uma pessoa trans. É muito complicado chegar aos lugares e nos apresentarmos. Não são todos que respeitam”, explica Johan. “Sabemos que esse não é o início da transição para ninguém, mas é uma grande vitória!”
Outra questão que se sobressalta sobre a população trans e travesti no Brasil é o fato de a grande maioria desse público estar submetida a condições de emprego informal e à prostituição. Segundo levantamento da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), 90% da população trans e travesti tem a prostituição como fonte de renda e alternativa de sobrevivência.
Bianca, 27, conta que passou por um processo de transição extremamente complexo. “O início foi bem difícil pela falta de aceitação do meu pai. Para não entrar na prostituição, acabei trilhando um caminho bem mais errado e cheguei a ser presa”, relata.
Depois de muito tempo, a família acabou oferecendo apoio e Bianca conseguiu continuar a transição. Atualmente, ela é cabelereira, cuidadora de idosos e também atende em uma distribuidora de sorvetes.
“Hoje, estou muito satisfeita com essa conquista que, para mim, até alguns anos atrás era impossível. Estou mais tranquila e vejo que algumas portas vão se abrir com o nome retificado”, conta Bianca.
O mutirão é uma realização da DPMG por meio da Coordenadoria de Projetos, Convênios e Parcerias (CooProC) com a gestão da Defensoria Especializada em Direitos Humanos, Coletivos e Socioambientais (DPDH). Contou também com o apoio da Associação das Defensoras e Defensores Públicos de Minas Gerais (ADEP-MG).