Autorizada a cobrar mensalidade associativa de aposentados há exatamente um ano pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), a Associação dos Aposentados e Pensionistas Nacional (AAPEN) já fatura R$ 16 milhões por mês com descontos sobre aposentadorias feitos diretamente na folha de pagamento e acumula mais de 400 processos somente na Justiça paulista.
Levantamento feito pelo Metrópoles mostra que AAPEN firmou seu “acordo de cooperação técnica” com o INSS em julho de 2023, quando ainda se chamava Associação Brasileira dos Servidores Públicos (ABSP), para poder descontar 2% do valor das aposentadorias de seus associados. Em seu primeiro mês de descontos, em novembro de 2023, a entidade sediada em Fortaleza (CE) faturou R$ 5 milhões. Agora, já arrecada R$ 16 milhões mensais.
Seu acordo foi assinado pelo ex-diretor de benefícios do INSS, André Felix Fidelis, que foi demitido após a série de reportagens do Metrópoles que revelou a farra do INSS. Juntas, 29 entidades arrecadaram R$ 2 bilhões em um ano com mensalidades de aposentados, em meio a uma avalanche de reclamações e processos judiciais movidos por descontos indevidos.
Pela regra do INSS, as mensalidades associativas só podem ser cobradas mediante autorização feita por escrito pelo segurado, mas milhares de aposentados têm procurado o INSS e a Justiça para suspender os descontos e reaver o valor desviado porque nunca tinham ouvido falar sobre as entidades que começaram a cobrar mensalidades diretamente em seus contracheques.
Uma das vítimas desse esquema é a aposentada Nilcea Maria dos Santos, de 69 anos. Como mostrou o Metrópoles nesta segunda-feira (29/7), ela já foi alvo de duas entidades: União Brasileira de Aposentados da Previdência (Unibap) e Associação dos Aposentados Mutualistas para Benefícios Coletivos (Ambec). Esta última foi alvo de busca e apreensão da Polícia Civil neste mês e é a campeã no salto de faturamento com os descontos — já tirou R$ 298 milhões de aposentados desde 2021.
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