Um novo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) revela que o consumo de drogas aumentou significativamente em todo o mundo ao longo de 2022, com novos opioides sintéticos surgindo e uma crescente demanda por substâncias psicoativas.
Divulgado nesta quarta-feira (26), Dia Internacional de Combate às Drogas, o Relatório Mundial sobre Drogas indica que mais de 292 milhões de pessoas consumiram alguma substância psicoativa em 2022, representando um aumento de 20% em dez anos. Esse aumento tem resultado em um crescimento dos transtornos associados ao uso de drogas.
“Embora cerca de 64 milhões de pessoas em todo o mundo sofram de transtornos associados ao uso de drogas, apenas uma em cada 11 pessoas recebeu tratamento”, destacam os autores do relatório, acrescentando que as mulheres são ainda mais negligenciadas. “Apenas uma em cada 18 mulheres com transtornos associados ao uso de drogas recebeu tratamento, em comparação com um em cada sete homens.”
Além disso, o relatório aponta que atividades ilícitas relacionadas à produção e distribuição de drogas estão contribuindo para a degradação ambiental, promovendo desmatamento, descarte inadequado de resíduos tóxicos e contaminação química. Estima-se que, em 2022, foram produzidas aproximadamente 2.757 toneladas de cocaína pura – um aumento de 20% em relação a 2021.
A cannabis permanece como a droga mais usada globalmente. Em países como Canadá, Uruguai e partes dos Estados Unidos, a legalização da comercialização e do consumo de cannabis parece ter acelerado o uso nocivo da droga e diversificado os produtos derivados, muitos com altos teores de THC (tetra-hidrocarbinol).
Depois da cannabis, os opioides, anfetaminas, cocaína e ecstasy são as drogas mais consumidas. O relatório também destaca o surgimento recente dos nitazenos, um grupo de opioides sintéticos mais potentes que o fentanil, cujo consumo aumentou em países de alta renda, resultando em um maior número de mortes por overdose.
O relatório ressalta o crescente interesse pelo uso terapêutico de substâncias psicoativas e a expansão de seu uso em pesquisas clínicas e no tratamento de transtornos de saúde mental, embora ainda não haja diretrizes científicas definitivas para uso médico dessas substâncias.
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