Uma aluna de uma faculdade de Sete Lagoas denunciou uma suposta “brincadeira” de uma professora, que lhe chamou de “escrava”.
Raíza Faustino estava na instituição última quarta-feira (12), quando se ofereceu a pegar um clipe que tinha caído da mão de uma professora. Ao entregar o objeto, a docente respondeu: “Obrigada, escrava”, e logo depois disse que era brincadeira. A aluna ficou atônita com a fala: “Não consegui ter uma reação imediata. Chorar, não conseguia parar de chorar”.
Raíza aponta que não conhecia a docente, nem tinha qualquer intimidade com a mesma para que ela pudesse ter essa brincadeira: “Fiquei constrangida pois o corredor da instituição estava lotado de alunos apresentando o trabalho chamado ‘Projeto Integrador’”, afirma.
A aluna aponta que não é a primeira vez que vivenciou atos racistas contra ela, mas esta foi a mais explicita: “É importante que as pessoas não se calem em situações como está. Recebi muito apoio das alunas que presenciaram o que aconteceu, e de várias outras pessoas”, comenta.
Um boletim de ocorrência relatando o ato foi feito.
Universidade responde
A universidade enviou uma nota relatando que teve ciência da denúncia e que foi agendada uma reunião do Conselho Acadêmico Administrativo Superior (CAAS) para apuração caso.
Ainda de acordo com a nota, o centro universitário “repudia de forma veemente qualquer ato racista, discriminatório e constrangedor. Haverá a averiguação rigorosa dos fatos narrados e a aplicação da sanção cabível”, como relatado.
A UNIFEMM acrescentou a existência de um núcleo de Direitos Humanos para atendimento a estes casos e que possui em sua grade curricular disciplinas para coibir práticas discriminatórias.
Por fim, o centro universitário aponta “que jamais irá se omitir em circunstâncias como esta e que todo o apoio e solidariedade já estão sendo prestados ao (a) discente”.
Veja a nota da UNIFEMM na íntegra:
Prezados,
O Centro Universitário de Sete Lagoas - UNIFEMM, tomou ciência no dia 17 de junho de 2024, da denúncia realizada por um (a) discente acerca de um episódio de injúria racial.
Prontamente, foi realizada a análise sumária da denúncia e diante da gravidade dos fatos narrados, foi agendada uma reunião para o dia 20/06/2024 com o Conselho Acadêmico Administrativo Superior-CAAS. Este órgão é responsável pela deliberação da denúncia, constituição de Comissão de Apuração de Fatos e instauração de Processo Administrativo Disciplinar.
Todo este trâmite está pautado no devido processo legal, Regimento Geral, Estatuto do UNIFEMM e Código de Ética.
O UNIFEMM repudia de forma veemente qualquer ato racista, discriminatório e constrangedor.
Haverá a averiguação rigorosa dos fatos narrados e a aplicação da sanção cabível.
O (a) discente foi acolhido (a) pela coordenação do curso e colocado à disposição o auxílio psicopedagógico, já com atendimento agendado.
O UNIFEMM possui um núcleo de Direitos Humanos, pautado no atendimento jurídico e extrajudicial em casos paradigmáticos individuais ou coletivos. A clínica atualmente trabalha com quatro eixos temáticos, sendo eles: Racial, LGBTQ+, Violência Doméstica e Moradores em situação de Rua.
O UNIFEMM adota em sua grade curricular disciplinas com os fins de coibir a prática do racismo estrutural, homofobia e qualquer forma de ações discriminatórias, tais como: Sociedade Cultura e Relação com o Trabalho, Ética, Cidadanias e Relações Étnicos-raciais, Desenvolvimento Pessoal e Relações Interpessoais, Vida e Carreiras (comportamentos éticos).
Acreditamos que uma educação de qualidade é capaz de promover a convivência digna em sociedade para dias melhores.
Frisa-se que o UNIFEMM jamais irá se omitir em circunstâncias como esta e que todo o apoio e solidariedade já estão sendo prestados ao (a) discente.
Ficamos à disposição para esclarecimento de eventuais dúvidas.
Atenciosamente;
Dra. Viviane Mayrink
Reitora
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