A Embrapa e o Grupo Seleção Guzerá realizaram um Dia de Campo para divulgar informações técnicas sobre o sistema Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e a marca-conceito "Carne Carbono Neutro (CCN)", em Codisburgo-MG, no dia 11 de maio.
O evento aconteceu na Unidade de Referência Tecnológica (URT) da Embrapa, instalada na Fazenda Lagoa dos Currais, propriedade do Grupo Seleção Guzerá. E contou com a participação de mais de 200 pessoas, entre técnicos extencionistas, produtores rurais, estudantes, pesquisadores, autoridades públicas e empresários do setor florestal e da cadeia produtiva da carne e do leite.
Os Chefes-Gerais Cleber Oliveira Soares, da Embrapa Gado de Corte, e Antônio Álvaro Corsetti Purcino, da Embrapa Milho e Sorgo, estiveram presentes em todas as estações. Soares destacou a realização do Curso itinerante, voltado para a divulgação do conceito Carne Carbono Neutro. "Aqui, na Fazenda Lagoa dos Currais, se vivencia uma situação real, possível nos Trópicos. É uma referência para o mundo", disse. Ele acrescentou que o componente florestal mitiga a emissão dos gases efeito estufa (GEE). "Com isso, temos um saldo positivo de Carbono no centro de produção. E a carne é passível de receber o selo de certificação Carne Carbono Neutro."
Purcino ressaltou que o sistema ILPF já é adotado em mais de 11 milhões de hectares no Brasil. "Isso comprova que nosso país cumpre sua missão, assumida nos fóruns internacionais, para preservar o meio ambiente. Com essas tecnologias conseguimos produzir mais pasto, durante o ano, inclusive nos períodos de restrição hídrica, e uma carne de melhor qualidade e de maior valor agregado", disse.
Estações técnicas
As atividades do Dia de Campo foram coordenadas pelos pesquisadores Emerson Borghi e Fabiana Villa Alves, das Unidades da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG) e Gado de Corte (Campo Grande-MS), respectivamente. As palestras aconteceram em quatro estações, onde foram abordados os temas: Estação 1 - Componente Animal (Genética Guzerá S); Estação 2 - Componente Solo; Estação 3 - Componente Forrageiro e Conceito Carne Carbono Neutro; e Estação 4 - Componente Florestal.
O engenheiro agrônomo Antônio Salvo falou sobre a genética Marca Guzerá S e os critérios de seleção adotados. "Trabalhamos para aumentar o que a raça tem de pontos positivos e melhorar o que for necessário. O ILPF agrega valor à carne, permite o bem estar animal e mais lucro por hectare", disse.
Os pesquisadores Álvaro Resende e Emerson Borghi, da Embrapa Milho e Sorgo, apresentaram os componentes Solo e Planta. Resende abordou a importância da fertilidade do solo. "Antes de mais nada, precisamos conhecer o solo para identificar e controlar os fatores limitantes. Práticas como calagem, gessagem e fosfatagem são o início de tudo", explicou. Ele recomendou que os recursos financeiros devem ser usados da melhor forma possível. "Nos solos da região do cerrado, normalmente a primeira ação é corrigir a acidez do solo, elevar a disponibilidade de Fósforo, para então, investir em outros nutrientes, como Nitrogênio e Potássio", frisou.
Já Emerson Borghi ressaltou que a palavra chave para todo bom empreendimento é o planejamento, para que a propriedade possa expressar o máximo do seu potencial produtivo. "Em um sistema onde o solo e a pastagem são bem manejados há menos risco de erosão e ocorre a melhoria da fertilidade do solo". Ele acrescentou que "o consórcio de culturas graníferas e forrageiras com espécies forrageiras tropicais promove a produção de silagem ou de grãos, e, posteriormente, a formação de um pasto para fornecer alimento aos animais nos períodos mais secos do ano".
O pesquisador Miguel Gontijo, da Embrapa Milho e Sorgo, apresentou o conceito de ILPF e falou sobre as alterações morfo-anatômicas observadas nas forrageiras sob sombreamento.
Segundo Gontijo, o aumento do sombreamento causa reduções de produtividades de forragem. E As pastagens nestes sistemas devem ser manejadas com intensidades de pastejo moderadas. "As estratégias de manejo do componente arbóreo a serem adotadas visam reduzir a pressão de competição das árvores sobre o capim", explicou.
O pesquisador ressaltou alguns benefícios do componente florestal em sistemas integrados, como por exemplo: diversificação de produtos e renda; ciclagem de nutrientes no solo, biodiversidade, conforto para o animal e fixação de CO2 (dióxido de Carbono). "A gente acredita que os sistemas integrados são alternativas viáveis para a recuperação da pastagem degradada. Queremos intensificar o uso dessas tecnologias", afirmou Gontijo.
Os pesquisadores André Dominghetti e Fabiana Alves, da Embrapa Gado de Corte, falaram sobre o componente Florestal. Segundo Dominghetti, uma das funções deste componente florestal é amenizar a temperatura. Mas, outro objetivo importante é a produção da madeira. "O foco principal é a produção de madeira cerrada, com boa tora para favorecer a comercialização. Isso agrega muito valor", pontuou.
Carne Carbono Neutro
A Fazenda Lagoa dos Currais tem uma área planejada de 1.200 hectares com Sistemas Silvipastoris para Bovinos de Corte, sendo que a URT implantada tem por finalidade validar o protocolo Carne Carbono Neutro.
O pesquisador Roberto Giolo, da Embrapa Gado de Corte, apresentou o conceito Carne Carbono Neutro. "Para se ter uma produção de Carne Carbono Neutro é preciso ter um sistema de produção que contemple o componente florestal", ressaltou.
O selo Carne Carbono Neutro (CCN) é uma marca-conceito registrada pela Embrapa no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Este selo visa atestar a carne bovina que apresenta seus volumes de emissão de gases de efeito estufa (GEEs), neutralizados durante o processo de produção, pela presença de árvores em sistemas de integração tipo silvipastoril (Pecuária-Floresta, IPF) ou agrossilvipastoril (Lavoura-Pecuária-Floresta, ILPF), por meio de processos produtivos parametrizados e auditados.
Para conhecer mais a marca-conceito CCN, consulte o Documento 210 - Carne Carbono Neutro: um novo conceito para carne sustentável produzida nos trópicos, produzido pela Embrapa Gado de Corte e disponível na série Documentos da Embrapa.
Para mais informações sobre ILPF, visite a página https://www.embrapa.br/web/rede-ilpf
Apoio e Patrocínio
O Dia de Campo teve o apoio da Associação Mineira dos Criadores de Zebu (AMCZ), da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG), do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), do Sindicato dos Produtores Rurais de Curvelo (SPRC) e da Rede de Fomento Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (Cocamar, Dow AgroSciences, John Deere, Parker, Syngenta, Embrapa, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).
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