Nas últimas semanas a população de Sete Lagoas e a administração pública tem notado um aumento considerável no número de pessoas em situação de rua na cidade. Uma preocupação compartilhada entre cidadãos e comerciantes também pelo uso que fazem do espaço público. A Assistência Social de Sete Lagoas, no entanto, esclarece que esse público é acompanhado e cuidado pelos diversos equipamentos do Município, como o Centro Pop, o Acolher e a Casa de Passagem.
De acordo com a diretora da Proteção Social Especial da Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS) do Município, Bruna Campos, o Centro Pop oferece atendimento com psicólogo, assistente social, acesso a documentos e benefícios sociais, banho, barbearia, material de higiene, roupas e café da manhã. Já o almoço e jantar são oferecidos no Acolher. "Quando necessário, encaminhamentos para o acolhimento institucional, que é o Acolher, para pessoas em situação de rua do município, além da Casa de Passagem, voltada para migrantes, ou seja, pessoas que vêm de um local em direção a outro e passam por aqui temporariamente", explica.
Para a diretora, o recente aumento dessa população nas ruas vem ocorrendo nas principais capitais do país, inclusive em Belo Horizonte. "A maioria vem de lá, fugindo da violência da capital. Caso queiram, nós oferecemos a passagem de volta, mas eles acabam preferindo ficar aqui. Lembrando que qualquer pessoa tem o direito de ir e vir, então, não podemos obrigar a pessoa a sair da rua. Em nosso trabalho de abordagem social, feito de segunda a sexta, de dia e também à noite, abordamos essas pessoas e orientamos a buscar seus direitos, criando vínculos, tentando encontrar parentes, atender suas demandas e encaminhá-los para os serviços parceiros, entre eles, a Saúde, com o Caps AD, oficinas, entre outros. Nessas oficinas diárias, nós os orientamos, capacitamos e tentamos mantê-los fora das ruas", afirma.
Acolhimento
A assistente social do Centro Pop, Jussandra Lopes Martins Vieira, explica como é feito o acolhimento. "Fazemos uma entrevista para saber o motivo de estarem na rua. Observamos que na maioria dos casos os vínculos com a família não foram totalmente rompidos. Muitas vezes é por desentendimentos, uso abusivo de álcool ou drogas. Só que nem todos aceitam voltar, pois a condição em que estão atualmente não seria bom para suas famílias. Então, fazemos essa reconexão, por meio da auto-estima, para que eles possam se tornar protagonistas da própria vida. É uma situação temporária e só depende deles mudar. As condições para isso nós fornecemos", comenta.
Segundo a psicóloga da instituição, Fabíola Schettino de Souza, nessas oficinas é passado aos participantes que há outras alternativas além da vida nas ruas. "Sabemos que o caminho não é fácil, mas é possível, pois precisa ser trabalhado principalmente com a família. Inclusive já tivemos reviravoltas. Pessoas que tomaram outros rumos, que se integraram novamente com a família ou construíram uma nova família, voltaram a trabalhar e a ter uma vida mais digna e menos dependente", revela.
Como agir
Com relação à população e aos comerciantes, a orientação dos profissionais do Centro Pop é que sim, é preciso ter mais empatia com esse público, porém, dar esmolas ou alimentos apenas contribuem para mantê-los nas ruas, já que os equipamentos da Assistência Social Municipal já suprem as necessidades alimentares e de higiene dessas pessoas. "Primeiro, convidamos a população a conhecer o Centro Pop. É um serviço sério, humanizado e de acolhimento. Nosso trabalho é educativo. Não temos poder de polícia, de obrigar as pessoas a sair das ruas. Nossas abordagens são de conscientização. Informamos a eles que em local público, tem que manter uma organização. Pedimos também que não dêem esmolas. Até porque o dinheiro pode ser usado para cometer ilícitos", lembra Jussandra. Caso a população queira doar agasalhos, cobertures, materiais de higiene ou alimentos, pode fazer diretamente no Centro Pop, que fica na rua Padre Henrique, nº 68, no centro da cidade.
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