O descarte irregular de lixo em meio às chuvas dos últimos dias multiplica o risco de dengue em várias cidades de Minas. A ameaça ronda até mesmo o entorno de unidades de saúde lotadas de pacientes com a doença. Diante das condições favoráveis à proliferação do mosquito transmissor e das falhas do poder público em executar a limpeza.
Em BH, a falta de zelo de parte da população, que insiste sujar a cidade, é escancarada em frente à UPA Norte, na avenida Risoleta Neves. Do outro lado da pista, a poucos metros da entrada, todo tipo de entulho toma conta da calçada. É possível ver sacolas plásticas, tampinhas e garrafas PET, caixas de papelão e latinhas, só para citar alguns exemplos.
Quem passa frequentemente pela região denuncia que o problema é recorrente. Morador de Santa Luzia, na Grande BH, o professor Rodrigo Silva, de 37 anos, vem à capital diariamente. O trajeto de carro é feito pela avenida Risoleta Neves. “Há lixo em vários pontos da via. Trechos da calçada e do canteiro central imundos toda semana”.
Do outro lado da cidade, na regional Barreiro, o problema se repete, próximo à linha do trem entre as ruas Antônio do Souza Gomes e Moçambique, na divisa dos bairros Lindéia e Tirol. Nem mesmo a Unidade de Recebimento de Pequenos Volumes (URPV), que pode receber entulho, é capaz de conter a falta de educação de algumas pessoas. O entorno da placa indicando a proibição de jogar lixo na rua se transformou em bota-fora.
O entulho espalhado pela cidade é um prato cheio para o Aedes aegypti, também transmissor da chikungunya e zika.“O mosquito é como se fosse um microdrone que detecta os criadores em qualquer local”, explica o biólogo e professor Rodrigo Gurgel Gonçalves, do Laboratório de Parasitologia Médica e Biologia de Vetores da Faculdade de Medicina da UnB.
Recentemente, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, reforçou que o aumento crescente de casos da doença exige medidas adicionais por todas as instâncias de governo.
“É fundamental que os prefeitos e prefeitas intensifiquem os cuidados com a limpeza urbana, evitando o acúmulo de lixo e de água onde os mosquitos se proliferam. Da mesma forma, é essencial a ação dos governadores, apoiando seus sistemas de saúde”. Segundo o Ministério da Saúde, o repasse a estados e municípios foi ampliado em R$ 1,5 bilhão.
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