Carros rebaixados, movidos a GNV, ônibus, vans, caminhões e motorhomes devem exigir atenção redobrada dos usuários antes de pegar a estrada para as viagens de férias. Isso porque um terço dos veículos que passaram por algum tipo de alteração em sua estrutura não poderia estar em circulação, de acordo com os dados da Federação Nacional da Inspeção Veicular (FENIVE).
As estatísticas, extraídas do banco de dados das empresas de inspeção veicular em todo o Brasil em 2022, mostram que pelo menos 33% desses veículos seriam reprovados caso passassem por inspeção veicular.
Quase metade (47,58%) apresentam problemas com relação à sinalização – luzes e faróis – e 30,1% estão com defeitos ou irregularidades em equipamentos obrigatórios – como é o caso de cintos de segurança, pneus, freios, barras de proteção, entre outros.
REFLEXOS FATAIS
O engenheiro mecânico Daniel Bassoli, diretor executivo da FENIVE, alerta que boa parte dos acidentes nas rodovias e estradas brasileiras são resultado da falta de manutenção. De acordo com ele, essas estatísticas são ainda mais preocupantes quando se trata de algum veículo que passou por alteração em suas características originais e, obrigatoriamente, deveria realizar inspeção veicular anualmente, conforme está previsto no Código de Trânsito Brasileiro (CTB). “Ônibus, vans e todos os veículos usados para transporte de passageiros precisam ser inspecionados anualmente. Infelizmente, isso nem sempre acontece e o resultado são acidentes com muitas fatalidades e vítimas em todas as regiões do Brasil”, observa.
Segundo o diretor, também são frequentes problemas envolvendo falhas nos freios, eixos de suspensão, pneus, rodas e ainda em automóveis sinistrados – que se envolveram em acidentes de grande monta – ou fizeram a conversão para GNV de forma clandestina. “Outro agravante é a idade da frota de veículos no país”, alerta.
O Brasil conta com aproximadamente 120 milhões de veículos em circulação, de acordo com os dados mais da Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran). Mais da metade, quase 61 milhões, são automóveis de passeio com mais de dez anos de circulação. “Quando chegam as férias, muitas pessoas esquecem da segurança, o foco principal é chegar ao destino. Mas esse trajeto não se concretiza para milhares de brasileiros justamente por causa da imprudência e irresponsabilidade dos condutores”, analisa Bassoli.
Atualmente, a frota de veículos em circulação Brasil apresenta uma idade média de quase 11 anos, de acordo com um levantamento do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças). “Entre os veículos pesados, essa marca é ainda mais preocupante, porque a idade média dos caminhões brasileiros ultrapassa 11 anos. E esta é a categoria que se envolve nos acidentes com maior gravidade para as vítimas”, critica o diretor.
FISCALIZAÇÃO
A fiscalização da frota de veículos nas estradas é de responsabilidade dos órgãos de trânsito, como a Polícia Rodoviária Federal e os batalhões estaduais. “Nessa época, o fluxo de carros é muito grande e as autoridades de trânsito estão sobrecarregadas fazendo o monitoramento e atendendo as ocorrências mais graves. Por isso é fundamental o motorista fazer a sua parte”, salienta.
Dados da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) – braço da Organização Mundial da Saúde (OMS) nas Américas – apontam que os sinistros de trânsito custam à maioria dos países 3% de seu produto interno bruto (PIB). No Brasil, essa cifra ultrapassa os R$ 130 bilhões todos os anos, segundo estudo de 2016 da Associação Nacional dos Transportes Públicos (ANTP).
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