Em 10 de setembro, é celebrado o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, porém por conta da notoriedade da data e de sua visibilidade, a efeméride acabou se estendo para todo o mês. E assim, a importância dos cuidados com a saúde mental para a prevenção do suicídio ganha espaço na pauta.
Em se tratando de educação, existem uma série de pontos que merecem atenção e podem afetar tanto a saúde mental dos estudantes quanto a dos educadores. Para compreender a questão de como é possível conscientizar a sociedade sobre a violência nas escolas e desenvolver uma cultura escolar de alta confiança, especialistas no tema trazem algumas reflexões. Confira!
Cultura escolar de alta confiança
Previsto na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), trabalhar as habilidades socioemocionais das crianças desde a primeira infância é garantir seus direitos de aprendizagem e de conhecimento. Por isso, iniciativas que contemplam essas competências contribuem para a formação e para o desenvolvimento das novas gerações, o que implica em compreender a complexidade desse desenvolvimento, rompendo com visões reducionistas do ser.
Heleomar Gonçalves, assessor pedagógico do programa Líder em Mim, proposta pedagógica que visa a formação de líderes desde cedo, diz que, para alcançar um viés pedagógico de acolhimento e de reconhecimento pleno dos alunos, a educação deve garantir que eles desenvolvam competências como:
1.“Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas.
2.Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza.
3.Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários”.
Além disso, Luciana Patrocínio, gerente das Soluções Complementares da Somos Educação, conta que programas socioemocionais como o Líder em Mim focam em práticas que tragam, o ano todo, a importância do autocuidado presente em movimentos como o Setembro Amarelo. “O programa [Líder em Mim] é estruturado para que a escola desenvolva ações práticas que contribuam para o contexto do momento. Então, as escolas já puxam ações e práticas de autocuidado como a conta bancária emocional que contribuem para isso”, explica.
Disciplina Positiva ajuda crianças nas habilidades socioemocionais
Dentro do contexto do Setembro Amarelo, também surgem questões como a necessidade de combater a violência dentro da escola. Violência essa que pode se manifestar pelo bullying ou pelo cyberbullying, por exemplo. Instituições de ensino podem e devem pensar em ações e práticas perenes para melhorar a saúde mental das crianças e dos adolescentes. Na Red Balloon, escola especializada no ensino de inglês, a disciplina positiva é aplicada por todo o corpo docente afim de conhecer melhor cada aluno, em sua individualidade, e, assim, colaborar com o desenvolvimento de habilidades, competências e criatividade.
A disciplina positiva tem relação direta com o desenvolvimento socioemocional e, consequentemente, com o controle das emoções. Baseada na firmeza e na gentileza, sem punição, castigo ou recompensa, a abordagem estimula o desenvolvimento do autoconhecimento e do autocontrole, além de habilidades sociais importantes, como a empatia e a autoconfiança. “A disciplina positiva ensina importantes habilidades sociais e de vida de maneira profundamente respeitosa e encorajadora, partindo do conceito de conexão antes da correção, incentivando o pertencimento e o encorajamento”, explica Claudia Peruccini, gerente pedagógica da Red Balloon.
Como cuidar da saúde mental na fase dos vestibulares
O Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização para a prevenção do suicídio, compartilhando informações que auxiliam a preservar a saúde mental, como a identificação de situações de riscos para si e para os demais, além de fomentar reflexões sobre formas disponíveis de cuidados.
Essa prevenção deve acontecer durante o ano inteiro, mas aproveitando o mês da divulgação e a aproximação dos vestibulares, os jovens devem tirar um momento da agenda para avaliar, com mais ênfase, como estão se cuidando. Caso contrário, o momento de extrema pressão nos estudos pode despertar ou intensificar questões de saúde mental pré-existentes.
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