A plataforma Discord, popular entre jovens e adolescentes para jogar online, vem sendo utilizada por grupos criminosos para cometer abusos e violações na internet. O aplicativo, criado em 2015, permite que usuários se comuniquem por texto, voz e vídeo, sem qualquer regulamentação.
Nesta semana, quatro pessoas foram detidas — incluindo dois menores apreendidos — por chantagear adolescentes a cumprir 'desafios'. Caso elas não seguissem as ordens dos agressores, teriam fotos íntimas vazadas.
Em nota à reportagem, a Polícia Civil do Rio de Janeiro revelou que as adolescentes eram coagidas a se tornarem escravas sexuais dos líderes desses grupos. As vítimas sofriam “estupros virtuais”, que eram transmitidos ao vivo para todos os integrantes de grupos do aplicativo.
"Durante a sessão de violência, as adolescentes eram xingadas, humilhadas e obrigadas a se automutilar. Ao comando do seu “Deus” ou “dono” faziam cortes com navalha nos braços, pernas, seios, genitália e tudo mais que ele mandasse fazer. Muitos expectadores riam e vibravam com a crueldade", disse a nota.
Segundo a psicóloga Bárbara Neto, especializada no atendimento de adolescentes, a principal forma de proteger os filhos de potenciais abusadores é através da construção de uma relação de confiança. "Na sociedade é vendido que os pais precisam ser inacessíveis e rígidos para educar uma criança, mas não é bem assim. Uma relação mais próxima, onde haja um vínculo de confiança, faz com que essa criança ou adolescente seja menos vulnerável a abusos e violações. Isso porque ele se sente confortável de contar o que está acontecendo para os pais", explica.
Bárbara comenta que outra maneira de os pais estarem por dentro do que acontece com o filho é se interessar pelos gostos da criança ou adolescente. "Ao saber quem é o seu filho, do que ele gosta, além de criar uma relação de amizade e confiança, permite que os pais entendam e monitorem o que é consumido pelos menores na internet", aponta.
Segundo a psicóloga, os pais precisam entrar no mundo da criança e se interessar em saber o que ela faz e joga na internet. "Minha dica é para que quando um pai ver o seu filho jogando alguma coisa, sentar junto com ele, ver como funciona, com quem ele conversa online, é monitorar", afirma.
Outra dica importante é ficar de olho no que a criança ou adolescente posta e consome nas redes sociais. "É essencial verificar o uso das outras redes pelos menores. Ali os pais podem ter uma noção do conteúdo que é apresentado para seus filhos. Esta é uma forma de usar o algoritmo a nosso favor", ressalta a psicóloga.
Por fim, Bárbara comenta que restringir o acesso dos menores à internet é uma ferramenta a ser utilizada. "Temos hoje instrumentos que fazem esse controle parental, que restringem o acesso às redes, então os pais precisam aprender a mexer e aplicar essas ferramentas em casa", diz.
Além do controle por meio de aplicativos, a especialista afirma que os pais também devem limitar o uso da internet, estabelecer horários para o uso e ter controle de quem são os amigos e com quem a criança convive.
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