Antecipado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o acordo do governo brasileiro com a varejista Shein deve levar a um dos maiores investimentos feitos pela marca fora da Ásia.
O acordo foi costurado em meio à polêmica envolvendo a tributação de compras do exterior. Pressionado, o governo recuou da decisão de acabar com a isenção de cobrança de imposto para encomendas com valor de até US$ 50.
A promessa, no entanto, foi de aumentar a fiscalização para coibir a atuação de empresas que driblam as leis para entrar na faixa de isenção de forma irregular.
Segundo comunicado enviado pela Shein à imprensa na tarde desta quinta-feira (20/4), o objetivo é investir R$ 750 milhões no Brasil nos próximos três anos, um dos maiores aportes financeiros feitos pela empresa fora do continente asiático.
A razão para isso é simples. A Shein tem experimentado um crescimento estelar no Brasil. No ano passado, estima-se que a empresa asiática faturou R$ 8 bilhões no mercado local, o que a coloca na posição de terceira maior varejista de moda, pouco atrás da Riachuelo e da Lojas Renner. A expectativa do mercado era que a empresa dobraria o faturamento em 2023, alcançando a liderança local.
De acordo com o plano divulgado hoje, a Shein asiática não terá um modelo de produção centralizado no país. O objetivo é contratar 2 mil indústrias locais que possam fabricar as peças da empresa que, hoje, vêm principalmente da China. O investimento de R$ 750 milhões servirá para capacitar os fornecedores para o modelo de negócio da Shein. O número de empregos gerados nessa rede de fornecedores está estimado em 100 mil.
Esse modelo já é adotado por empresas locais de moda, como a Renner. A própria Riachuelo, que historicamente concentrou a maior parte de produção nas fábricas da Guararapes, também está migrando para o modelo de rede de fornecedores.
A expectativa da Shein é que até o final de 2026 cerca de 85% das vendas locais sejam de peças fabricadas nacionalmente e por vendedores locais.
Outra novidade é a reprodução do modelo de marketplace no Brasil. A Shein lançou, no ano passado, a possibilidade de habilitação de vendedores locais para venda na plataforma. O programa, que era um piloto, agora fará parte dos planos da varejista no país.
Atualmente, a Shein tem cerca de 100 funcionários atuando em um escritório em São Paulo. O plano é dobrar o número de postos de trabalho e, para tanto, a varejista está alugando um escritório fixo na região da Faria Lima, no centro financeiro da capital paulista.
“Ao abrirmos nosso primeiro escritório na América Latina, escolhemos o Brasil para ser o coração dessa iniciativa e reforçamos o nosso compromisso com aquilo que acreditamos: o Brasil será um dos líderes globais de moda acessível e de qualidade”, escreveram os executivos da Shein, em carta ao ministro Fernando Haddad.
O comunicado diz, ainda, que o objetivo da varejista asiática é construir um “relacionamento aberto e transparente com o governo” e que faz parte desse objetivo ser “parceira do Ministério da Fazenda para ajudar a reconstruir o Brasil”.
Mín. 18° Máx. 24°