A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) reuniu-se nesta sexta-feira (24) na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte, com representantes do Centro de Operações de Emergência (COE Arboviroses) do Ministério da Saúde (MS) e membros da Organização Panamericana de Saúde (Opas) para encerramento da visita técnica das duas entidades realizada esta semana para apoio às ações de enfrentamento à dengue, zika e chikungunya no estado.
O subsecretário de Vigilância em Saúde da SES-MG, Eduardo Prosdocimi, destacou os resultados positivos da iniciativa, que buscou identificar o atual cenário de prevenção, diagnóstico e tratamento dessas doenças em Minas Gerais por meio de ações conjuntas da Opas, MS e SES-MG em municípios da Unidade Regional de Saúde (URS) de Sete Lagoas. Equipes da SES-MG e da Opas também visitaram as URS de Divinópolis e de Uberlândia. “A partir do diagnóstico local em municípios com alta incidência de arboviroses, pudemos entender melhor suas demandas, a fim de capacitar os profissionais que atuam na área e oferecer um suporte mais adequado no tratamento e manejo clínico dos pacientes e estratégias de vigilância em saúde”, afirmou o subsecretário. “Tais ações serão replicadas junto às demais regionais para atuação conjunta com os municípios, de forma a aperfeiçoar o trabalho de prevenção e tratamento das arboviroses em todo o estado”, completou Prodoscimi.
Segundo Eliane Nobre, superintendente de Vigilância Epidemiológica da SES-MG, uma das ações propostas é reforçar o apoio aos municípios para organizarem a rede de atenção e atenderem o usuário no local e no tempo corretos. “Nosso objetivo maior é minimizar as complicações pela dengue e reduzir os casos de óbito. Nesta semana, observamos que nossa estratégia é acertada, porque uma das funções do Estado é apoiar os municípios nessa lógica de organizar e ouvir suas dificuldades para prestar um apoio mais assertivo”, explicou.
A superintendente ressalta que as Unidades Regionais de Saúde da SES-MG estão capacitando as equipes municipais para aperfeiçoar o manejo clínico da pessoa acometida por arboviroses. “É importante que os municípios entendam que a principal porta de entrada do paciente no SUS é a atenção primária, e esse espaço é a unidade básica de saúde (UBS). A partir dali é que, dependendo da gravidade, o paciente será encaminhado às unidades de pronto atendimento (UPA) e, oportunamente, a hospitais. É essencial que esse fluxo seja bem desenhado para que tenhamos sucesso ao final do processo”, ressaltou Eliane.
A fala da superintendente é corroborada por Tarciana Suassuna, técnica da Secretaria de Atenção Especializada do Ministério da Saúde. “As unidades de emergência não podem ser as maiores notificadoras das arboviroses, pois não são as portas de entrada da política. Por isso, é relevante levar treinamentos para toda a equipe da atenção primária, a fim de reduzir a possibilidade de agravamento do paciente”, afirma. “Destacamos a prestação do serviço na UBS que visitamos em Paraopeba, com profissionais muito comprometidos e que são exemplo de organização a ser replicado em todo o estado, mostrando que é possível fazer a diferença”, evidenciou.
“Minas está sempre à frente, inclusive o Ministério da Saúde usa como base documentos produzidos pelo Estado e isso para nós é um orgulho, porque faz a diferença para todo o país”, frisou Tarciana.
Bioestatística da coordenação de Saúde da Família do MS, Thaís Barbosa reitera que a atenção primária tem o potencial de resolver até 80% dos casos. “É bastante possível nos organizarmos em momentos de emergências para termos uma atenção primária efetiva e forte”, enfatizou.
Sobre a vigilância laboratorial, Morgana Caraciolo, epidemiologista de campo da Coordenação Geral de Arboviroses do Ministério da Saúde, destaca que é preciso fortalecer a comunicação de vigilância entre o nível regional e o central. “Precisamos também concentrar os esforços para aumentar a celeridade na investigação e encerramento dos casos, por meio dos exames laboratoriais, a fim de termos um diagnóstico mais rápido”, pontuou.
Controle de vetores - Oficial Nacional de Arboviroses da Opas, Carlos Frederico Campelo de Albuquerque apontou o envolvimento direto da regional da SES-MG de Sete Lagoas no apoio às ações nos municípios e citou a iniciativa do uso de ovitrampas no monitoramento do Aedes aegypti. As ovitrampas simulam o ambiente perfeito para a procriação do mosquito. São pequenos baldes com palhetas de eucatex, água e larvicida biológico onde as fêmeas do inseto depositam os seus ovos. Por meio delas, os agentes de endemias conseguem observar, de maneira mais rápida e eficiente, a quantidade de mosquitos naquela região e acelerar as ações de combate ao Aedes sem que ele se desenvolva.
“Essa é uma estratégia interessante e muito boa para o controle. O grande ganho de expandir essa tecnologia é que ela fornece um dado contínuo no tampo e assim é possível ter uma noção de tendência, se está subindo ou descendo”, explicou. “O uso do inseticida é de grande importância, mas é preciso se atentar para outras formas de combate, como a mobilização e remoção de potenciais criadouros”, completou o técnico da Opas.
No encerramento do encontro, Priscilla Leal e Leite, também da Opas, reforçou a importância de fortalecer a comunicação de risco junto aos profissionais da saúde e também da população. “Todos devem entender que após a fase crítica da dengue é possível melhorar ou piorar e temos que estar alertas e atentos sobre o que fazer e como fazer nesse momento. Além de estabelecer e fortalecer o acesso do usuário ao sistema de saúde e aos exames laboratoriais e ajustar os fluxos para que sejam mais ágeis, é importante saber que a dengue mata. Isso é impactante, mas é preciso que todos saibam e façam sua parte”, concluiu.
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