O senador Carlos Viana anunciou, nesta quarta-feira (1º), que irá sair do PL e se filiar ao Podemos. A filiação irá acontecer nesta quinta-feira (2). O anúncio sobre a mudança da legenda aconteceu horas antes das eleições do Senado e pegou bolsonaristas de surpresa. Ao ser questionado sobre o motivo da troca, Viana se limitou a dizer que espera “mais espaço em Minas". Nas redes sociais, o senador reafirmou, porém, seu compromisso em votar no candidato do PL ao Senado, Rogério Marinho (PL-RN).
Essa é a quarta mudança de partido de Viana nos últimos cinco anos. As mudanças de sigla do senador ocorreram em momentos em que o político buscava maior espaço, seja para comandar o partido ou ser indicado para cargos eleitorais, como foi o motivo da sua ida para o PL que o lançou candidato ao governo de Minas no último ano. Agora, sua saída da legenda, segundo interlocudores, ocorre porque Viana teria poucas chances de ter influência no Estado nas decisões do partido, já que há outras lideranças partidárias com mais força que senador no PL mineiro.
Apadrinhado por Jair Bolsonaro (PL), Carlos Viana foi vice-líder do ex-presidente no Senado e candidato de Bolsonaro ao governo de Minas no pleito do último ano. Para alguns deputados e pessoas com trânsito no PL, a relação entre Viana e Bolsonaro sempre foi feita de oportunidades. Ao mesmo tempo em que o senador se elegeu se debruçando em pautas bolsonaristas, Bolsonaro se aproximou do mineiro depois que precisou de indicar um nome à vice-liderança do Senado. Na época, Chico Rodrigues (DEM) foi exonerado após ser flagrado tentando esconder R$ 33 mil na cueca durante uma operação da Polícia Federal (PF).
Ao longo dos anos, porém, a distância entre o senador e o ex-presidente foi-se acentuando. No ano passado, antes das eleições, o senador chegou a anunciar que seria o líder de Bolsonaro no Senado, mas a nomeação acabou não saindo após Viana se lançar como pré-candidato ao governo de Minas. Nos bastidores, porém, a conversa é que outros outros nomes foram considerados pelo Planalto como melhores para fazer a articulação política entre o governo e os senadores.
Preterido
Mesmo tendo sido o escolhido pelo presidente para ser o candidato ao governo em Minas, Viana enfrentou resistência à sua candidatura até dentro do PL. Não à toa, parte dos deputados estaduais e federais que concorreram à reeleição pela legenda pediram ao partido para não incluir a foto e o número de urna do senador durante o horário eleitoral gratuito na televisão por preferirem apoiar o governador do Novo do que ter Viana como candidato.
Durante a eleição, até o próprio senador admitiu ter sido o “plano B” de Bolsonaro em Minas depois que Zema virou as costas para o presidente e não aceitou ser seu palanque no Estado. Até os últimos dias antes do início da campanha, Bolsonaro tentou formar uma aliança com o governador. Com a recusa, o diretório nacional do PL decidiu lançar Viana para pressionar um apoio de Zema a Bolsonaro, além de promover o nome do presidente em Minas, que é o segundo maior colégio eleitoral do país.
No entanto, mesmo com a candidatura oficializada, Viana foi preterido pelo presidente durante as passagens por Minas Gerais, não subindo sequer no mesmo palanque em algumas agendas.
Dança das cadeiras
O partido em que Viana permaneceu por mais tempo foi o PSD. O senador se filiou a sigla dois meses após ser eleito pelo extinto PHS, em 2018, e permaneceu filiado à legenda até 2021, quando trocou o partido pelo MDB. Sem esconder de ninguém o objetivo de concorrer ao governo de Minas, na época, Viana já havia percebido a predileção do partido pela candidatura de Alexandre Kalil (PSD).
O que o senador não esperava era o fato de o MDB decidir não ter um candidato próprio e apoiar a reeleição de Romeu Zema (Novo). Com isso, Viana trocou de partido mais uma vez e saiu do MDB depois de apenas quatro meses na legenda. Em abril do ano passado, no fim da janela partidária, o senador foi para o PL. Na época, ele explicou que a mudança se deu depois de uma articulação feita por Bolsonaro, mas admitiu que a troca gerou desconforto no antigo partido.
A reportagem entrou em contato com o senador e sua assessoria, questionando o motivo da troca de partido, mas não obteve retorno. (Com Folhapress)
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