Em três dias, dois candidatos morreram, vítimas de mal súbito, após a realização do Teste de Aptidão Física (TAF) do concurso para Polícia Penal de Minas Gerais. As mortes foram registradas na última terça-feira (10) e na quinta-feira (12). A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp) confirmou os óbitos.
Segundo a pasta, “ambos apresentaram um quadro de mal súbito após a finalização do exame físico de corrida de resistência”. A Sejusp ainda informou que tão logo os episódios foram registrados, os dois candidatos foram submetidos aos primeiros atendimentos pela equipe médica que acompanha os testes. Posteriormente, foram levados do Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica (CIAAR) de Lagoa Santa, onde foram realizadas as avaliações, para a Unidade de Pronto Atendimento de Vespasiano.
“Os dois candidatos chegaram ao local com vida, mas o quadro de saúde se agravou e, infelizmente, eles vieram a óbito. Um deles chegou a ser transferido para a Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Municipal Célio de Castro”, informa a nota da secretaria. Ainda conforme a pasta, os casos foram acompanhados também pelo Instituto Nacional de Seleções e Concursos (Selecon), responsável pela realização do teste.
A Sejusp informou que os atestados de óbito não foram disponibilizados e se solidarizou com os amigos e familiares. “Todos os procedimentos necessários foram realizados pelo Instituto Selecon, com apoio da Sejusp que segue acompanhando o caso. Ressalta, ainda, que os dois candidatos apresentaram laudo médico liberatório, com a chancela de profissional habilitado, para a realização desta etapa do certame”, finaliza a nota da secretaria.
Anulação polêmica
O TEMPO procurou o Sindicato dos Policiais Penais no Estado de Minas Gerais (Sindppen-MG) para comentar sobre o assunto. O presidente do movimento sindical, Jean Carlos Otoni Rocha, lamentou as mortes. Ele lembrou que o TAF estava sendo refeito pelos candidatos, após uma decisão da 4ª Vara da Fazenda Pública e Autarquias, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, determinar a realização de novo teste físico.
A decisão foi tomada com base em uma Ação Civil Pública, do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que pediu que o TAF do concurso para Polícia Penal fosse refeito pelos 784 candidatos classificados como inaptos no certame. O MPMG recebeu denúncias que três dos examinadores eram professores particulares de alguns dos candidatos.
Com isso, devido ao princípio de isonomia e para garantir a lisura do concurso, é solicitado que o teste físico seja refeito sem a presença dos três educadores físicos citados.
"O sindicato sempre se posicionou contra a anulação do concurso, uma vez que entendíamos que não precisava anular todo o certame. Nós até pedimos uma conciliação, porque o concurso é de mais de 5 mil candidatos e foi comprovado que somente 70 se sentiram lesados", disse Jean Carlos Otoni.
O representante do Sindppen ainda afirmou que com a remarcação do TAF, os candidatos tiveram tempo inadequado para se preparar para o teste. "Tudo é um preparo, eles tiveram menos de 90 dias para treinar. Decidiram essa data e com isso vem uma pressão psicológica muito grande. A pessoa tem que voltar a treinar novamente, mas às vezes está em outro emprego, exercendo outra função", lamentou Otoni.
O presidente do sindicato ainda citou que o sistema prisional em Minas vive uma crise de falta de profissionais que tem levado ao esgotamento das equipes. Ele citou o baixo número de agentes em algumas unidades, como a Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, onde segundo ele há oito policiais penais para 2.400 presos.
"Estamos passando por uma situação muito delicada na Polícia Penal. Os policiais estão passando por absenteísmo, pressão psicológica e física para bater metas", criticou o líder sindical. A reportagem de O TEMPO enviou às críticas à Sejusp e aguarda um posicionamento.
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