Promover a igualdade de oportunidades para estudantes da educação básica, garantindo a equidade racial, passa necessariamente pela formulação dos currículos e dos projetos políticos pedagógicos das unidades escolares.
Para isso, secretárias e secretários de educação, equipes técnicas, profissionais ligados à direção escolar, à coordenação pedagógica e a todo o ecossistema educacional necessitam de formação para o entendimento das normativas, para a construção de planos e para o monitoramento e avaliação de ações que reforçam a transformação em curto, médio e longo prazos.
“Ainda somos impactados por desigualdades que limitam a equidade e a qualidade em educação. Os profissionais da área, tanto os que estão na sala de aula quanto na gestão, precisam se apropriar de conhecimentos necessários para promover e fortalecer as estratégias de promoção da equidade racial na educação básica.
Isto implica em tratar de temas como o racismo, discriminação, segregação, sexismo, presentes no cotidiano educacional, mas nem sempre abordados”, alerta a especialista em Educação do Itaú Social, Juliana Yade.
Ela aponta que a construção de currículos e projetos políticos pedagógicos precisam estar alinhados às necessidades de oferta de uma educação pautada na equidade étnico-racial. Para isso, os profissionais precisam dispor materiais e ferramentas que os auxiliem, assim como conhecimentos que favoreçam a elaboração de estratégias de superação do racismo dentro e fora das escolas, nos diferentes espaços da educação pública.
Entender as questões e planejar atividades implicam em acesso e permanência igualitários para os diferentes grupos populacionais; fomentar a representatividade étnico-racial no currículo, nos espaços escolares e em materiais didáticos; configurar a escola como espaço acolhedor e seguro, onde práticas de preconceito e discriminação racial sejam coibidas e no qual o projeto educacional vise à formação de sujeitos não racistas e antirracistas; conceder acesso à história
Risco de evasão
O receio dos pais com a evasão escolar cresceu em todas as dinâmicas familiares durante a pandemia. No entanto, para estudantes negros com renda de até dois salários-mínimos este temor foi ainda mais acentuado.
Segundo a pesquisa “Educação na perspectiva dos estudantes e suas famílias”, que tem sido realizada pelo Datafolha desde 2020 sob encomenda do Itaú Social, Fundação Lemann e BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e já está em sua nona onda, 50% deles estavam em risco de desistir dos estudos em 2021, contra 31% entre os brancos com renda de mais de dois salários-mínimos.
O estudo também aponta que 19% dos alunos negros não se sentiram amparados com o retorno das aulas presenciais, índice que cai para 9% em relação aos estudantes brancos.
“É necessário compreender os resultados advindos de avaliações e diagnóstico que apontam para a realidade de cada município, pensando de forma sistêmica em como mudar as orientações curriculares e como tais mudanças impactam na comunidade escolar”, ressalta Juliana.
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