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Economia Siderúrgicas

Setor guseiro em Sete Lagoas e outras cidades agoniza com queda de mais de 50% no preço da tonelada do ferro

Várias empresas anunciam o fechamento causando demissão de cerca de mil postos de trabalho direto no setor

17/11/2022 às 17h02
Por: Redação Fonte: Mega Cidade com Diário do Comércio
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O risco de uma recessão econômica global, aliada à crise energética na Europa e problemas enfrentados na China – como os constantes lockdowns e a crise do setor imobiliário -, está interferindo nos resultados da siderurgia.

A menor demanda tem prejudicado as empresas siderúrgicas que já apresentam resultados menores. Especialistas de mercado  ressaltam que a tendência para os próximos meses é de um cenário negativo frente ao ano passado para o setor siderúrgico.

É o caso de Sete Lagoas e outras cidades que passam por crise no setor com o anúncio de fechamento de algumas siderúrgicas. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Sete Lagoas, Ernane Geraldo Dias vê com muita preocupação a situação. “Estamos vivendo um pesadelo como há muito não tínhamos no setor metalúrgico em especial o setor de ferro gusa”, declara.

  O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Sete Lagoas, Ernane Geraldo Dias

De acordo com ele, até meados de setembro, Sete Lagoas contava com 23 siderúrgicas com 30 fornos em operação e partir daí começaram os problemas. “Segundo os empresários do setor, a queda no preço da tonelada do gusa que segundo estes senhores caiu de cerca 950 dólares e agora para os novos contratos este preço está em cerca de 410 dólares. E o pior está acontecendo: demissões, as empresas , Siderúrgica Bandeirantes, Tecnosider, Metalsete, CSS Siderurgia Setelagoana, Siderúrgica Betser e a Siderúrgica Multifer que encerrará suas atividades em 09/12 próximo.”, explica Ernane Geraldo.

Segundo o presidente do Sindicato, são cerca de 1.000 postos de trabalho diretos, destaque-se a importância destes postos de trabalho que estão sendo fechados e a diversidade da mão de obra uma vez que este setor acolhe uma grande massa de trabalhadores que por razões várias não tem uma qualificação.

E continua: “Um estudo para disputarem outro posto de trabalho e talvez o mais importante, pessoas alijadas no mercado de trabalho com idades superiores a 40/50 anos tinham a oportunidade de oferecerem sua experiência e conhecimento neste setor tão essencial no nosso município. A expectativa é que se possa ter uma retomada entre fevereiro/março/2023. Importante também frisar que existe o compromisso de pagamento das verbas indenizatórias de todos estes trabalhadores, como FGTS, multa fundiária de 40% e demais verbas.”

Ernane Geraldo ainda esclarece que o Sindicato está fazendo acordo com todas estas empresas para no caso de retomada nos próximos 60/90 dias estes trabalhadores se assim o desejarem poderão estar retornando nas mesmas funções e salários recebidos dentro do último mês trabalhado, lembrando que todos tiveram reajustes salariais recentemente, mais exatamente em 01/10/22

Problema mundial 

analista da Mirae Asset, Pedro Galdi, explica que o cenário para a siderurgia segue desafiador para as empresas não só no Brasil, mas também no mundo. Por isso, não é esperado um bom resultado no terceiro trimestre de 2022 e nem neste último semestre. 

O cenário negativo vivido pelo setor da siderurgia tem como uma das influências a desaceleração nas principais economias do mundo. “A crise na China, na Europa e o risco de recessão nos Estados Unidos estão interferindo de forma negativa  nos resultados das empresas”.

Além das questões econômicas, a crise energética na Europa também é um gargalo que vai prejudicar o desempenho.

“A crise de energia já leva algumas siderúrgicas a parar produção. A ArcelorMittal, por exemplo, anunciou corte na Europa. Isto poderia estimular as exportações de aço brasileiro, mas o Brasil não é competitivo em exportações. Então fica muito preso ao mercado doméstico”.

Com todo o cenário desfavorável, Galdi explica que o terceiro trimestre de 2022 já está terminando e o Instituto Aço Brasil deve rever a projeção de produção e vendas.

“Acredito que as projeções tendem a ser revistas para o negativo. Não esperamos resultados expressivos para o setor da siderurgia no segundo semestre deste ano. Dentre as siderúrgicas, a que vem melhor é a Gerdau. O preço das ações devem continuar sofrendo”, explicou. 

No segundo trimestre de 2022, o lucro líquido ajustado da Gerdau atingiu R$ 4,3 bilhões, um recorde histórico para o período e representando um aumento de 28% na comparação anual. A receita líquida da companhia totalizou R$ 23 bilhões entre abril e junho, uma alta de 9% sobre igual período do ano anterior, com as vendas físicas de aço alcançando 3,2 milhões de toneladas.

Já a Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas) registrou lucro líquido de R$ 1,06 bilhão no segundo trimestre de 2022, queda de 77%. Em relação aos três meses anteriores (R$ 1,26 bilhão), o recuo foi de 16%.

A CSN também apresentou queda nos resultados. O lucro líquido caiu 67% no segundo trimestre, para R$ 825,7 milhões. A receita líquida da companhia ficou em R$ 2,68 bilhões, queda de 65% contra um ano antes.

Diante dos resultados da siderurgia até o segundo trimestre deste ano e do cenário global, os analistas da equipe da Terra Investimentos Régis Chinchila e Luis Novaes  apostam em mais um semestre fraco para o setor siderúrgico. 

“Mais um semestre fraco é projetado para o setor, considerando toda a incerteza sobre a economia chinesa que pressiona a demanda por produtos metálicos, mesmo com o guidance mantido por algumas empresas do setor, como a CSN. Além de todas as dificuldades operacionais vistas no primeiro semestre, como os problemas da Usiminas em Ipatinga, que devem continuar impactando o setor”.

Base de comparação 

Ainda segundo os analistas da Terra, a tendência é de queda no lucro das empresas, o que também será influenciado por 2021 ter sido um ano positivo para o setor.

“A lucratividade das companhias deve ser bem menor em relação ao último ano, levando em conta o cenário extremamente positivo do primeiro semestre de 2021, que alavancou os ganhos do ano”.

Em relação ao minério de ferro, é esperado preços em um patamar próximo ao atual, cerca de US$ 100 a tonelada ou um pouco abaixo, “Este valor não impacta muito o mercado interno de aço, que deve continuar com volume de vendas crescendo, mas sem projeção de preços por nossa parte”.

 

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