Um professor de informática de 24 anos, que dava aula na Escola Municipal George Ricardo Salum, no bairro Taquaril, em Belo Horizonte, foi preso nessa terça-feira (4) após os pais de uma aluna, de 10 anos, descobrirem que eles mantinham um "namoro" e trocavam declarações por mensagens. De acordo com o boletim de ocorrência, a escola sabia do caso há pelo menos duas semanas e não informou aos pais da criança sobre a situação. Nessa terça, quando a polícia foi até a escola, coordenadoras e diretora da escola também tentaram atrapalhar o trabalho policial e impedir que o professor fosse preso.
A mãe da menina tomou conhecimento do caso depois que uma amiga perguntou se ela vigiava o telefone da filha, já que ela teria visto a criança trocar mensagens com uma pessoa estranha. À amiga da mãe e também para a família, a criança afirmava que estava conversando com uma amiga, já que era assim que o professor pedia para ela responder quando alguém a perguntasse. Apesar da versão da menina, a mãe viu que a filha se referia à pessoa no sexo masculino e que o perfil da outra pessoa era fake.
A mãe, então, logou o perfil do Instagram da filha no próprio celular e monitorou as conversas por cinco dias. Ela chegou a ir até uma delegacia na segunda-feira (3), mas não conseguiu registrar a ocorrência. Nessa terça, então, ela foi com o marido até a escola e pediu a presença da polícia.
Na porta da escola, os pais apresentaram aos policiais as mensagens flagradas. O boletim de ocorrência diz que foi possível constatar que a criança mantinha relacionamento com o homem, que eram trocadas declarações afetivas e que existiam regras no relacionamento. A mãe pontuou ainda que o professor chamava a aluna de "gostosa" e que "daria uns beijos nela".
Após ouvirem as versões dos pais, os militares pediram a diretora e coordenadoras da instituição de ensino para que chamassem o suspeito. Elas pediram para que, antes, a conversa fosse apenas com elas. Diante do risco de fuga do professor, um sargento que estava na ocorrência afirmou que só conversaria na presença do professor. Após a resposta do militar, as responsáveis pela escola perguntaram se isso precisava ocorrer no meio do pátio, quando o sargento respondeu que não era função delas ensinar ele a trabalhar.
Já na presença do suspeito em uma sala de reunião, as coordenadoras perguntaram se o professor podia ir até a delegacia no carro delas e não na viatura. Elas disseram, diversas vezes, que o docente "nunca deu problema na escola e que tinha boa conduta". As responsáveis pela escola também questionaram as provas e, depois, discutiram com a mãe sobre a veracidade da conversa.
Inicialmente, a coordenadora que é chefe direta do professor disse que não sabia de nada. Questionada pela polícia sobre ter pedido há duas semanas para que o professor e aluna se afastassem e evitasse o contato, a mulher passou mal, teve queda de pressão e precisou ser acudida. Depois, ela afirmou que soube por meio de fofocas sobre a situação, mas que não sabia das mensagens trocadas e nem do possível namoro.
Já a coordenadora da escola disse que há 15 dias a aluna pediu para sair da escola em tempo integral porque os colegas faziam fofocas dela com o professor depois de ela dar uma "lembrancinha a ele". A diretora da instituição reafirmou a versão e ressaltou que há duas semanas a criança teria despertado interesse no professor e percebeu mudanças no comportamento dela. Por isso, teria chamado os pais na escola nessa terça-feira.
Aos policiais, a criança disse que o professor usava o perfil fake, que pediu para namorar e que trocavam as declarações. A aluna alegou ainda que foi coagida pela coordenadora da escola para "não falar essas coisas porque daria problema para a escola e o professor poderia ser preso". "A menina informou que o que mais a machucou foi a forma como as funcionárias falaram com ela, pois colocaram muito medo", diz trecho da ocorrência.
O professor disse ser inocente e que nunca teve contato com a criança. Sobre uma acusação dele ter ido até a porta da igreja onde a menina e a família frequenta, ele alegou que mora na mesma rua e, por isso, estava lá. O celular dele foi apreendido e ele encaminhado à delegacia.
Por meio de nota, a Prefeitura de Belo Horizonte informou que o caso está sendo conduzido no âmbito policial. "A Secretaria Municipal de Educação está acompanhando a situação junto à família e está à disposição da polícia para os esclarecimentos necessários. É importante ressaltar que o trabalhador já foi afastado das atividades", diz o Executivo. Sobre a atuação das responsáveis pela instituição, a PBH pontuou "que imediatamente após tomar conhecimento da situação, a equipe da unidade entrou em contato com a família para prestar assistência e os devidos esclarecimentos".
A Polícia Civil foi procurada e ainda não respondeu. A Escola não atendeu as ligações.
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