Um policial penal matou dois detentos e feriu outros dois no presídio de Manhuaçu, na Zona da Mata mineira, nesta quarta-feira (7). O crime teria sido motivado por vingança, já que um dos presos é suspeito de estuprar a esposa do agente, preso após abrir fogo.
Conforme informações da Polícia Militar (PM), na manhã desta quarta, o policial penal, após chegar ao presídio, foi à cela onde ficam os presos recém-chegados e descarregou uma pistola calibre 40.
Os disparos atingiram quatro homens. Dois deles, de 34 e 24 anos, morreram. Não há informações sobre o estado de saúde dos outros dois feridos.
O policial penal foi desarmado e preso por outros agentes que estavam no local. Em seguida, ele afirmou que cometeu o crime porque o homem, de 34 anos, havia estuprado a esposa dele. O crime sexual teria ocorrido horas antes no bairro São Vicente.
Em nota, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) lamentou a "grave ocorrência envolvendo um policial penal" e informou que colabora e trabalha em conjunto com a Polícia Civil para que "todos os fatos sejam devidamente esclarecidos". Leia:
"A direção-geral do Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen-MG) acompanha in loco os desdobramentos da ocorrência. A Polícia Civil já esteve no local para identificar e coletar vestígios. Por volta das 9h, um servidor do Presídio de Manhuaçu I, situado na 12ª Região Integrada de Segurança Pública (Risp), na Zona da Mata, disparou contra quatro presos. Apesar do socorro imediato prestado a todos eles, dois homens vieram a óbito, e outros dois ficaram feridos. O homem que fez os disparos foi detido em flagrante?. Ele alegou que um dos detentos teria estuprado a sua esposa na mesma madrugada. Serão abertos dois procedimentos investigativos: um inquérito pela Polícia Civil e uma investigação interna pela Polícia Penal. O direito à ampla defesa e ao contraditório do policial penal em questão serão respeitados. Os corpos foram encaminhados ao Posto Médico-Legal."
Denúncias sobre presídios em Minas
O caso em Manhuaçu se soma às denúncias envolvendo ocorrências de abusos e torturas em presídios mineiros. Em documento enviado mês passado ao governo de Minas, o Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT), órgão ligado ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, citou que agentes estariam utilizando armas não letais, como gazes, balas de borracha, de forma indiscriminada contra detentos.
O documento de 280 páginas revela condições precárias nos presídios do Estado e mostra ações de policiais penais que resultaram em dentes quebrados, sequelas nas costelas, tratamento com socos e pauladas no peito, uso de balas de borracha, além de diversos tipos de xingamentos e humilhações.
Apenas no primeiro trimestre deste ano, foram registradas 689 denúncias e 538 reclamações relacionadas a presídios em Minas Gerais, uma média de 13 relatos de problemas por dia.
Sobre esses casos citados no relatório, a Sejusp, em anota, afirmou que "não compactua com eventuais desvios de conduta de qualquer servidor e faz uma apuração célere e prioritária de possíveis casos de abuso". A secretaria ainda destaca que não considera que "os relatos podem ser generalizados ao nível de todo o sistema prisional, já que o relatório está relacionado a nove unidades".
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