A Polícia Militar de Minas Gerais tem uma nova aposta para reduzir a necessidade de uso de força física e armas em abordagens: o aikido. A arte marcial japonesa dá alternativas para neutralizar ataques usando a própria força do oponente. Segundo o tenente-coronel Flavio Santiago, um grupo recebeu a qualificação no final de junho e vai replicar a técnica dentro da corporação. A expectativa é que isso ajude a reduzir o que ele chama de “danos da abordagem” nos casos em que o profissional ou algum civil não esteja notoriamente em risco perante o uso de arma.
Apesar de a qualificação ocorrer em um contexto de investigações na Corregedoria de casos de policiais acusados de uso excessivo da força, como o assassinato de um homem por um agente de segurança na Vila Barraginha, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, e agora o espancamento de um casal em Paineiras, na região Central de Minas Gerais, o porta-voz explica que ela não tem ligação com um aumento de denúncias neste sentido. “A cada minuto que passa, dezenas de pessoas são abordadas pela polícia nos 853 municípios. Mais de 38 mil homens e mulheres da corporação recebem ligações, pedidos de ajudas de pessoas e precisam intervir. Nessas abordagens são apreendidas armas, por exemplo, que poderiam ser usadas em feminicídios. Mas muitas abordagens têm resistência e os policiais precisam usar de imobilização e táticas necessárias para realizar as prisões”, diz.
Segundo Santiago, a corporação não tem registrado aumento nos casos de denúncias contra policiais em abordagens truculentas e sim de situações que viralizam nas redes em função do maior acesso às câmeras e internet. “Hoje, mesmo na comunidade mais longínqua as pessoas têm celular. Qualquer desvio de conduta a gente sabe que vai aparecer porque as pessoas têm comunicação por meio de celulares. Sempre vai ter alguém filmando. Só que os casos não chegam a 1% do número de abordagens que são realizadas. Óbvio que se tiver abuso nós nunca vamos admitir e o policial vai responder pelo crime, como já tivemos policiais excluídos por praticar tortura. Nossa apuração é rigorosa e não tentamos justificar casos de desvio de conduta”, garante.
O uso da técnica de aikido seria, então, segundo Santiago, uma forma de garantir alternativas para as abordagens que ocorrem diariamente. Ele pondera, no entanto, que é preciso avaliar caso a caso. Nas situações em que há um risco ou exposição a arma de fogo do suspeito abordado, não seria essa a melhor estratégia. E, em situações em que os policiais estiverem em menor risco.
O porta-voz da PM diz que, no caso da acusação de espancamento de um jovem de 23 anos em Paineiras, a corregedoria vai investigar antes de tomar uma atitude. “Toda situação que chega a nosso conhecimento é apurada. O que não podemos fazer é condenar ou inocentar qualquer militar antes dele ser julgado. Como qualquer cidadão”, diz. Para ele, as imagens gravadas não podem ser a única variável a ser usada na análise da conduta do militar. “Olhamos as imagens de celulares, de câmeras fixas, ouvimos testemunhas para não condenar um inocente ou inocentar um culpado”, afirma.
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