Minas Gerais ainda não tem definida a data para a Polícia Militar passar a utilizar câmeras para registrar a ação dos agentes em todo o Estado. Especialista em segurança pública entrevistado por O TEMPO afirma sobre a importância da tecnologia para reduzir a letalidade policial. A corporação afirma que os prazos estão sendo cumpridos e que no segundo semestre as câmeras serão implementadas.
“Eu diria que já passou da hora da utilização desta tecnologia pela Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG). Não só em função do fato da Vila Barraginha, mas sim porque é uma tendência de todas as polícias do Brasil. É um controle mais ativo dos abusos cometidos por alguns policiais”, afirma Luís Flávio Sapori, especialista em segurança pública e professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas).
Conforme noticiado por O TEMPO, até outubro deste ano, centenas de câmeras corporais, além de pistolas de impulso elétrico (PEIEs) conhecidas como teaser, serão utilizadas pela corporação. Procurada e questionada sobre a data, tanto a PMMG, quanto o governo de Minas, não cravaram a data exata.
“Não há qualquer novidade sobre a implementação das câmeras”, informou a Polícia Militar, via assessoria de imprensa. Já o governo de Minas afirmou que será no segundo semestre. Mês e dia não foram informados. A porta-voz da corporação, major Layla Brunella, destaca que não há atraso na implementação do equipamento tecnológico.
“Existe processo licitatório com prazos que estão sendo cumpridos. Anunciamos que será no segundo semestre e estamos no 17º dia dele. O processo de compra é demorado. Não é só comprar: os policiais precisam passar por testes, a tropa tem que ser treinada. Não funciona assim tão simples. Somos 38 mil policiais em 853 municípios”, ponderou.
Redução da taxa de letalidade
Em São Paulo, as câmeras já são utilizadas em uniformes dos agentes. A tecnologia, conforme apontado pelo governo do Estado, fez a letalidade policial cair em 85% nos batalhões de SP. Os números mostram que 110 mortes foram registradas em intervenção policial entre 1º de junho a 31 de junho de 2020 nos batalhões. No ano passado foram 17 mortes em supostos confrontos: redução de 85%.
“É impressionante o que está acontecendo em São Paulo. Os resultados são estimulantes e evidenciam que a tecnologia veio para contribuir na redução da letalidade e isso pode acontecer por aqui. De maneira geral, a letalidade da PMMG é uma das menores do Brasil e isso é importante destacar. A PM tem sido mais eficiente no combate à criminalidade, sem uso da letalidade, mas os números seguem em alta”, diz Sapori.
Diante do exemplo de São Paulo, o especialista reforça que “o governo de Minas e a secretaria de Segurança Pública devem intensificar os esforços para que isso aconteça antes das eleições. Não vejo motivo para retardar a medida”, finaliza.
Mín. 20° Máx. 28°