As campanhas dos candidatos que vão disputar cargos nas eleições gerais deste ano só podem começar em 16 de agosto, conforme o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Entretanto, alguns setores econômicos em Belo Horizonte já observam impacto positivo e projetam aumento na arrecadação com a realização do pleito em outubro. Nas gráficas, onde são feitos santinhos e demais materiais publicitários, alguns empresários já reforçaram as equipes e prometem abrir novas vagas para dar conta da demanda extra.
As projeções iniciais feitas no setor indicam que os estabelecimentos podem registrar até um mês e meio a mais de faturamento neste ano, com os contratos que serão formalizados para o período eleitoral. Empresários estão empolgados, tendo em vista que os partidos podem ter acesso a um montante em torno de R$5 bilhões para o Fundo Eleitoral. “Acredito que vai ser um incremento de vendas neste ano, com treze meses de faturamento dentro de doze meses”, prevê Ronymarco Lemos, proprietário da Koloro Indústria Gráfica.
O empresário afirma que já está recebendo contatos de partidos para cotação de preços de alguns serviços. Ele planeja implantar um terceiro turno de trabalho e já contratou, desde fevereiro, seis funcionários que estão sendo treinados para as atividades que serão desempenhadas durante a campanha eleitoral. “A minha expectativa é chegar em junho e julho e ainda correr atrás de motorista para fazer entregas, empacotadores e profissionais para trabalhar com acabamento”, analisa.
Lemos diz que apesar da procura, os orçamentos estão com valores reajustados em 100%, se comparado com as eleições de 2020. “A matéria prima mais que dobrou. O milheiro de um santinho que era R$70, hoje já é R$140”,calculou. Na Inforgarf, o proprietário Joaquim Milagres Lopes também mantém boa previsão de faturamento e de abertura de novas vagas de trabalho.
Mesmo otimista, ele teme que falte material para a produção.“Em 2020 houve bastante serviço, mas o maior problema foi a falta de material. Poderíamos ter produzido muito mais. Neste ano estamos com boas perspectivas, é uma oportunidade de recuperar as perdas da pandemia”, afirma. Lopes diz que os problemas são observados com papéis, no geral, e com os adesivos perfurados para fixação em vidros automotivos. No caso dos materiais autocolantes, o insumo depende de importação.
Já o papel vem da empresa Suzano, líder mundial na produção de celulose. “Toda hora escutamos de fornecedores que podemos ter problemas. Eu estou com a intenção de começar o estoque mês que vem, quando vou ter uma noção melhor da demanda, para não ter risco de comprar mercadoria e ter prejuízo”, afirma Joaquim.
Em nota, a Suzano afirmou que teve aumento de 15% na demanda ano passado, mas que o abastecimento está regular, sem riscos para o período eleitoral.
O reflexo também é observado no mercado imobiliário, que já começa a receber sondagens partidárias para a locação de imóveis onde serão instalados comitês de campanhas. De acordo com a vice-presidente das Administradoras de Imóveis da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do setor em Minas Gerais, Flávia Vieira, as locações, geralmente, são formalizadas no segundo semestre, “Normalmente são contratos de curto prazo. Tradicionalmente eles buscam casas com grande visibilidade e em pontos estratégicos com facilidade para o trânsito de pessoas”, ilustra Flávia.
Vieira ainda projeta um volume mais intenso de locações, neste ano, em comparação às eleições de 2022. Outro diferencial diz respeito ao valor dos imóveis. “Acredito que os preços estão mais altos. A moeda perdeu valor e o mercado que vai decidir: se houver uma demanda muito forte, o preço pode crescer”, prevê.
Na Raja Rent, empresa que tradicionalmente aluga veículos para o período eleitoral, os orçamentos também começaram a ser feitos, mas a previsão é de fechamento de contratos a partir de junho, conforme a gerente administrativa, Sueli Rocha. Ela explica que não haverá compra de novos veículos para ampliar a frota. Por outro lado, quem optar por alugar, deve pagar até 30% a mais neste ano. “A gente vai trabalhar com o que tem. Os carros estão mais caros. O VW Gol que é o que usamos aqui está custando R$80 mil”, calcula Sueli.
Outro meio de transporte utilizado por candidatos e partidos é o aéreo. A Líder Aviação, que também atende às candidaturas, afirmou, por nota, que não houve aumento na demanda de voos executivos fretados em função das eleições. “Ainda não temos uma perspectiva percentual de quanto o fretamento destinado a este fim representará em um aumento da nossa demanda, considerando que o mercado como um todo está voltando a aquecer e a demandar mais voos executivos”, destaca o comunicado.
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