“Vocês não sabem o aperto que eu estou passando aqui". Diz a atriz, internamente a si mesma, enquanto segura uma folha de papel A4 na qual se lê seu nome, idade e altura. Nesta peça-cerimônia a atriz se despede de seu ofício. Em meio a uma confusão entre verdade e invenção, ela encena o real que confessa enquanto vive o que encena. E entre sorrir, ocultar o nervosismo e mostrar como ela é capaz de atuar, mil citações aparecem em sua cabeça, em um espetáculo-rodapé.
“Citações” é um solo apresentado como uma peça ritual de despedida: a atriz se despede de seu ofício e convida o público a acompanhar esta cerimônia. Ela reencena momentos difíceis e prazerosos que viveu em sua profissão e relata fatos dos bastidores que o público, em geral, não sabe, para finalmente despedir-se de todas essas memórias e seguir. A peça se dá, em um primeiro momento, na divisa do corpo da atriz e suas angústias, mas segue, em um segundo passo, a conversar com o humano em processo em cada um de nós. Aborda a especificidade para tocar o que há de universal nos processos de amadurecimento, despedida, frustração, luto e reinvenção. No momento atual, em que se fala obstinadamente desta reinvenção, é importante nos perguntarmos como imaginamos e queremos que ela aconteça. Vamos ocultar nossas dificuldades ou vamos encarar nossos dilemas por meio delas postos? “Citações” arrisca a pergunta e materializa em ato as emoções, pensamentos, delírios e escolhas envolvidas nesta questão.
A peça traz ainda uma reflexão recorrente aos artistas da cena: o trabalho sobre si. O artista da “presença-corpo” estará sempre implicado na dubiedade de ser, ao mesmo tempo, objeto e ferramenta que molda seu trabalho. A atuação solo, que talvez deixe isso um pouco mais explícito, chancela esta constatação: a atriz compartilha temas que a atravessam de forma irreparável, sejam eles escritos no bordado de cima da pele fictícia, estejam eles sustentando a trama de seu anverso, nos bastidores, nos cadernos, nos esboços feitos em ensaio.
A dramaturgia, autoral e inédita, bebe do conceito de rapsódia, do grego rhapsoidia, que deriva da composição: rhaptos (costurar) + ode (canto). Rapsodo seria, então, “aquele que costura cantos”. Na peça a costura se dá por meio de citações de fragmentos textuais de diferentes linguagens.
Serviço:
Espetáculo: CITAÇÕES
Data: 30 de abril de 2022
Hora: 20h
Local: Centro Cultural Nacional Teatro Preqaria (Rua Aleixo Lanza, 41, Canaã, Sete Lagoas – MG)
Classificação indicativa: 16 anos: nudez sem conotação sexual, abordagem filosófica e temas sensíveis
Gênero: Drama
Duração: 60 minutos
Ingressos: Antecipado: R$15 / Na portaria: R$20 (meia) R$40 (inteira)
Ingressos antecipados e informações pelo whatsapp: 3772-8086 ou (31) 99513-6675
FICHA TÉCNICA
Atuação e concepção: Bruna Chiaradia
Direção: Gui Augusto
Dramaturgia: Bruna Chiaradia e Gui Augusto
Consultora de dramaturgia: Elisa de Jesus
Designer de luz: Bruno Cerezolli
Figurinos e adereços: Ricca Costumes
Cenografia: Jordana Ferreira
Trilha sonora: Jackson Abacatu
Canção “O Rio e o Medo”: Isabella Bretz
Preparação corporal: Gui Augusto
Preparação vocal: Izza
Preparação musical: Sérgio Silva Nicácio
Projeções visuais: Gui Augusto
Designer Gráfico: Gui Augusto
Fotografia: Fabiana Loyola, Flávio Souza Cruz e Jordana Ferreira
Captação do espetáculo em vídeo: André Oliveira
Produção: Elisa de Jesus
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