O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, instou, nesta terça-feira (5), a ONU a agir "imediatamente" diante dos "crimes de guerra" cometidos - segundo ele - pela Rússia em seu país, porque, caso contrário, é melhor "fechar" a organização internacional.
Em um discurso solene transmitido ao vivo por videoconferência na sala do Conselho de Segurança, Volodymyr Zelensky também pediu que a Rússia seja excluída do órgão, do qual é um dos cinco membros permanentes, assim como uma reforma do sistema das Nações Unidas, para que "o direito ao veto não signifique direito a morrer".
"Agora, precisamos de decisões do Conselho de Segurança para a paz na Ucrânia. Se não sabem como tomar esta decisão, podem fazer duas coisas", disse o presidente ucraniano.
"Excluir a Rússia como agressor e o responsável por iniciar a guerra, para que não bloqueie as decisões relacionadas com sua própria agressão. E, depois, fazer tudo o que for possível para conseguir a paz", afirmou Zelensky na presença do secretário-geral da ONU, António Guterres.
"Ou então, a outra opção é demonstrar, por favor, que podemos reformar e mudar [...] Se não houver alternativa, ou opção, o próximo passo seria sua dissolução por completo", exigiu o presidente ucraniano.
A guerra da Rússia na Ucrânia, "que viola a Carta das Nações Unidas", afeta 74 países em desenvolvimento e 1,2 bilhão de pessoas - declarou o secretário geral da ONU, António Guterres, durante a abertura de uma reunião do Conselho de Segurança nesta terça-feira.
"Nossa análise indica que 74 países em desenvolvimento, com uma população total de 1,2 bilhão de pessoas, são particularmente vulneráveis ao aumento dos preços de alimentos, energia e fertilizantes", afirmou.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, participou desta sessão, logo depois, por meio de uma chamada de vídeo. Segundo a ONU, é a primeira vez que o chefe de um Estado devastado pela guerra se dirige ao Conselho de Segurança dessa maneira.
"A guerra na Ucrânia deve terminar agora. Precisamos de negociações sérias para a paz, baseadas nos princípios da Carta das Nações Unidas", acrescentou o chefe da ONU.
Segundo Guterres, isso representa "um dos maiores desafios que já foram colocados à ordem internacional e à arquitetura da paz mundial baseada na Carta da ONU. Por sua natureza, sua intensidade e suas consequências".
"Estamos diante de uma invasão total, em várias frentes, de um Estado-membro da ONU, à Ucrânia, por outro, a Federação Russa - membro permanente do Conselho de Segurança -, em violação à Carta da ONU", denunciou mais uma vez.
Moscou tinha "vários objetivos, entre eles o redesenho das fronteiras internacionalmente reconhecidas entre os dois países", insistiu, em um novo ataque virulento contra o Kremlin.
"A ofensiva russa também causou o deslocamento de mais de dez milhões de pessoas em apenas um mês, o movimento populacional forçado mais rápido desde a Segunda Guerra Mundial", completou Guterres.
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