Fracassou a primeira tentativa da cúpula do governo de Jair Bolsonaro para encontrar uma forma de evitar um reajuste acentuado nos preços dos combustíveis, diante dos efeitos da guerra na Ucrânia e das sanções econômicas aplicadas à Rússia.
Os ministros Paulo Guedes (Economia) e Bento Albuquerque (Minas e Energia) não chegaram a consenso na reunião realizada nesta terça-feira (9).
Enquanto a ala política segue em defesa de um subsídio temporário, a Economia prefere mudanças estruturais na tributação, como rever a cobrança de ICMS por Estados.
Na reunião desta terça-feira, ministros e outras autoridades do governo apresentaram uma proposta de subsídio para os combustíveis por três meses que pode custar cerca de R$ 27 bilhões aos cofres públicos.
A ideia apresentada seria de um subsídio a partir de um gatilho de US$ 95 o barril de petróleo. Acima disso, o governo arcaria com R$ 300 milhões por ponto percentual de defasagem — nesta terça, o preço do barril alcançou quase US$ 130.
Os R$ 27 bilhões levariam em conta a possibilidade de o governo subsidiar até 30% de defasagem da Petrobras.
A direção da Petrobras não abre mão da sua política de equiparação ao preço internacional, para evitar mais perdas para a estatal. Estima-se que os seus preços já estejam com uma defasagem de quase 40%.
A empresa não reajusta os valores da gasolina e do diesel há 55 dias. Por isso, teme-se que um novo aumento esteja muito próximo e que ele seja percentualmente muito acima dos anteriores.
Na última segunda-feira (7), Bolsonaro fez duras críticas à política de preços da Petrobras e prometeu mudá-la.
Com a disparada no preço do barril do petróleo, que na terça-feira ultrapassou a barreira dos US$ 130, Bolsonaro cobra medidas para conter os preços dos combustíveis no Brasil, que, ao contrário do prometido por ele na campanha de 2018, vivem uma escalada desde o início do seu governo.
Bolsonaro e aliados sabem que a disparada dos preços nas bombas dos postos atrapalham o seu plano de reeleição. Tanto que o próprio presidente decidiu intervir nas discussões sobre o tema.
Com isso, o presidente Jair Bolsonaro cancelou sua agenda desta quarta-feira (9) em Duque de Caxias (RJ) – onde iria ao município fluminense realizar entrega de aparelhos auditivos – para ficar em Brasília. Ele convocou reunião para 11h no Palácio do Planalto com alguns dos seus principais aliados.
De acordo com a agenda oficial do presidente, divulgada no fim da noite de terça-feira, estarão na reunião os ministros Paulo Guedes, Bento Albuquerque e Ciro Nogueira (Casa Civil).
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também deve participar, informa o governo, mas o compromisso ainda não consta da agenda do chefe da autoridade monetária.
O cancelamento de agenda em Duque de Caxias foi confirmado pela Secretaria Especial de Comunicação (Secom), mas ainda não havia sido oficializado pelo Planalto até o fim da noite de terça.
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