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Economia Dia da Mulher

Pesquisa: preconceito atinge 52% das mulheres empreendedoras em Minas

Presença feminina nos cargos de alto escalão é pequena, mais para ‘cumprir cota’ do que promover equidade

08/03/2022 às 09h06 Atualizada em 08/03/2022 às 09h16
Por: Redação Fonte: Mega Cidade com O Tempo
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Há pelo menos 111 anos elas reivindicam igualdade de gênero, desde que um incêndio em uma fábrica matou 146 pessoas em Nova York (EUA), a maioria mulheres, revelando que trabalhavam em piores condições que os homens. Hoje, no Dia Internacional da Mulher, o preconceito ainda é uma realidade. 

Ao conseguir emprego, em boa parte das empresas privadas, a mulher costuma ter a promessa de um ambiente igualitário, onde todos, independentemente do gênero, terão as mesmas oportunidades. Essa impressão equivocada tende a ser acompanhada por ao menos uma mulher em cargo de chefia. Mas um estudo inédito da Associação Americana de Psicologia mostrou justamente o contrário: 45% das 1.500 maiores empresas dos Estados Unidos mantêm no máximo duas mulheres em cargos de alto escalão.

Ou seja, a existência de uma CEO (diretora executiva) não quer dizer que há necessariamente quebra de paradigma na sociedade patriarcal em que vivemos. Seria mais uma estratégia para “cumprir cotas” do que para promover equidade.

Em Minas Gerais, o cenário não é diferente. Pesquisa do Sebrae mostra que 52% das mulheres empreendedoras no Estado admitem ter sofrido algum tipo de preconceito por causa do sexo, cenário que se repete no país, afirma a analista do Sebrae Rachel Dornelas. 

“É uma questão estrutural. Enquanto a gente não conscientizar a sociedade em relação à importância da equidade de gênero, essa evolução será mais lenta. Tudo que a gente precisa mudar vem de uma política de base, da educação formal mesmo”, argumenta Rachel Dornelas. 

A mesma pesquisa do Sebrae concluiu que apenas 31% das mulheres donas de seus próprios negócios atuam nas áreas da engenharia, tecnologia e matemática, historicamente dominadas, em termos de quantidade de funcionários e chefes, por homens.

Uma dessas mulheres é a CEO do Órbi Conecta, Dany Carvalho. Ela coordena o hub de inovação sediado em Belo Horizonte desde o início do ano. A marca, também fundada por uma mulher (Anna Martins), tenta quebrar paradigmas a partir do empreendedorismo digital. “Quanto mais alto o cargo, menos mulheres se veem, principalmente negras como eu. A gente tem mulheres trabalhando nas empresas, mas em cargos operacionais. É um fato”, diz Dany.

Ela já passou por diversas outras aceleradoras, como Cubo Itaú, Microsoft BizSpark e IBM SmartCamp. E, mesmo com currículo recheado de empresas de renome e com ampla experiência no mercado de tecnologia, Dany Carvalho precisa superar as barreiras diariamente. “A gente tem que se provar mais vezes para conseguir progressão de carreira”.

Apesar desse cenário, Dany diz que as mulheres mineiras têm ocupado espaços de liderança no setor. “A minha grande frase é ‘onde tem inovação, tem mulheres mineiras’. A gente percebe que várias mineiras estão espalhadas em várias iniciativas pelo Brasil. Nos últimos quatro, cinco anos, têm surgido iniciativas para fomentar a presença da mulher na tecnologia”.

Salário médio feminino é menor que dos homens 

A pesquisa da Associação Americana de Psicologia também concluiu que as mulheres tendem a ganhar menos quando comandadas por outras mulheres, em comparação ao pago aos CEOs homens. A explicação passa pelo preenchimento de cotas: muitas empresas entendem que ter uma mulher como chefe é o suficiente entre os cargos de alto escalão, o que faz o salário médio delas despencar na companhia. 

Mas há outro lado da moeda: mulheres como chefes tendem a cobrar mais de pessoas do mesmo sexo em decorrência da pressão exercida pela sociedade. “Isso é estrutural também. O índice de confiabilidade das mulheres é menor. A família, às vezes, não confia. Os homens recebem muito mais apoio. Ela acha a equidade de gênero muito importante, então, inconscientemente, começa a cobrar mais das mulheres”, afirma a analista do Sebrae Rachel Dornelas. 

Especialista vê mudanças no mercado de trabalho

A gerente comercial da Employer, Danieli Covaleski, vê mudanças no mercado de trabalho. Segundo a recrutadora, no setor do campo, o número de mulheres ainda é pequeno, mas, na indústria, a distribuição está mais igualitária.

Do ponto de vista das corporações, a gerente da empresa de RH defende a implantação de uma cultura de equidade de gênero, a partir da adoção de critérios de isonomia, como pagar o mesmo salário para homens e mulheres no mesmo cargo e promover os funcionários de diferentes gêneros com frequência semelhante.

Com 21 anos de carreira, Danieli Covaleski diz ter sofrido preconceito por ser mulher em diversas oportunidades, sobretudo por atender diretamente o agronegócio, setor dominado pelos homens.

“Os próprios trabalhadores do campo achavam estranho. Mostro meu trabalho e vou conquistando meu espaço. Já aconteceram encontros com 40 homens e só eu de mulher lá. Hoje, já está supernormal. Eles sentem confiança. No começo, sem dúvida, tive que mostrar meu valor em dobro”, explica ela. 

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