O encarecimento da conta de luz, principalmente a partir do segundo semestre de 2021, tem feito com que cada vez mais brasileiros busquem alternativas para reduzir o custo mensal com energia. Em Minas Gerais, uma opção cada vez mais presente no radar da população é a utilização da energia solar fotovoltaica que pode ter custo mensal até 90% mais barato do que outras fontes como a hidrelétrica e termoelétrica. Nos últimos dois anos, o potencial de geração desta modalidade energética aumentou 70% no estado, que lidera o ranking no Brasil.
Levantamento da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) mostra que a capacidade de Minas hoje é de 1,530,4 megawatts (MW), o que representa 17,4% do que está instalado no país. As principais demandas são para usos residencial e comercial. No estado, apenas três entre os 853 municípios não contam com usinas do tipo. São eles: Divisópolis, São Sebastião do Rio Preto e Materlândia, apontou a associação.
As cidades que lideram o uso são Uberlândia, Belo Horizonte, Montes Claros, Uberaba e Governador Valadares. O coordenador estadual da Absolar em Minas, Bruno Catta Preta, diz que o estado ocupa posição de destaque por possuir um alto índice de irradiação e por incentivos governamentais, como a isenção de impostos para instalação de estrutura para energia solar com capacidade de até 5 megawatts.
Ele acredita que esses fatores, aliado ao custo alto da energia elétrica oriunda das hidrelétricas, deve fazer com que o mercado cresça ainda mais em 2022. “A população está sendo penalizada com reajustes constantes por bandeiras tarifárias. Então junta a alta da energia com a necessidade de economizar”, analisa. Desde setembro de 2021, os brasileiros pagam a chamada bandeira de escassez hídrica.
A taxa foi implantada em um cenário de seca pela necessidade de uso das termoelétricas e encarece a dívida mensal com energia. Para fugir da alta tarifa, o microempreendedor Divaldo de Oliveira, de 59 anos, financiou a instalação de uma usina que atende três imóveis no final do ano passado. O custo total foi de R$52 mil, distribuídos em 60 parcelas.
Ele diz que o valor elevado para a instalação da usina se deu pela necessidade de adequação no telhado que recebeu 18 placas solares. Após a instalação, Divaldo já observou uma queda considerável no valor da conta de luz. “Eu pagava em torno de R$1.120 por mês dos três padrões. Neste mês eu paguei R$310”, relatou o morador de Santa Luzia, na Grande BH.
Bruno Catta Preta diz que o Brasil ocupa, atualmente, a 14ª posição no mundo em geração de energia solar fotovoltaica. Ele acredita que há margem de crescimento para fontes renováveis. “Acreditamos que nos próximos três anos vamos chegar à sexta posição mundial, e em 25 anos a fonte solar será a principal da matriz energética brasileira”, diz.
Na avaliação do coordenador estadual da Absolar, as opções de financiamento, disponíveis no mercado, democratizam o acesso à energia solar à população. Ele explicou que não é possível dimensionar um preço médio para contra com o serviço, tendo em vista que o orçamento para a implantação de uma unidade de geração solar é avaliado caso a caso e depende da necessidade de kilowatts demandados e da estrutura do imóvel.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizou, em 17 de fevereiro, o início de testes na primeira usina solar fotovoltaica de Francisco Sá, no Norte de Minas. A estrutura tem capacidade instalada de 100 megawatts e é formada por 600 unidades que geram 165 kilowatts cada.
“Esse é o primeiro complexo fotovoltaico centralizado que inicia os testes no Município de Francisco Sá, que ainda conta com outros complexos já outorgados pela ANEEL, totalizando 453 MW de capacidade instalada de energia solar centralizada”, diz nota do órgão federal.
A reportagem solicitou detalhes do projeto, que não foram enviados. O prefeito de Francisco Sá, Mário Osvaldo, foi procurado para comentar sobre o assunto, mas informou que não tem conhecimento da situação.
Mín. 19° Máx. 25°