A vacinação de crianças de 5 a 11 anos, contra a Covid-19, ainda está muito aquém do esperado em Minas Gerais. Além da baixa adesão entre as famílias, o Estado também enfrenta dificuldade para disponibilizar informações de doses já aplicadas. Os dados do vacinômetro da Secretaria de Saúde (SES-MG) apontam a aplicação em 246,7 mil crianças, o que resulta em uma cobertura de 13,2% entre o público. Mas o levantamento não leva em consideração os resultados obtidos por alguns municípios como Belo Horizonte.
Atualmente, o índice estadual está abaixo do registrado em todo o Brasil. Conforme informações da plataforma LocalizaSUS, o percentual de pequenos imunizados com a primeira dose em todos os estados do país é 17,3%. Especialistas e gestores públicos atribuem o baixo índice às fake news sobre a eficácia e segurança dos imunizantes e a desconfiança de alguns pais em vacinar os filhos. Outro motivo que atrasa a imunização das crianças é a onda de casos de Covid-19, causada pela variante ômicron em janeiro.
Crianças que foram infectadas precisam aguardar até 30 dias após o fim da quarentena para se vacinar. Ontem, no site da SES-MG, ainda não tinham sido disponibilizados, por exemplo, os números da vacinação de crianças em Belo Horizonte. Na capital, 70 mil pequenos, cerca de 51% do público-alvo total, já foram vacinados, conforme balanço da prefeitura. Se somados os dados da metrópole ao que já foi publicado pela SES chega-se a 316 mil doses aplicadas, elevando o percentual para próximo da média nacional, de 17%.
A falha na disponibilização das informações, justificou a secretaria, ocorre pelo não envio dos números pelas administrações municipais. Em BH, a prefeitura diz que está implementado uma nova funcionalidade em sistema próprio para incluir dados de vacinação infantil. Para a pediatra Gabriela Araújo Costa, a comunicação é, inclusive, fator crucial para alavancar os números da campanha de imunização das crianças contra a Covid.
A médica, que é diretora de comunicação da Sociedade Mineira de Pediatria, afirmou que as informações e detalhes sobre a vacinação devem ser divulgadas de maneira maciça. Ela diz que o processo é feito sem falhas, mas pode ser aprimorado nos governos municipal, estadual e federal.
"Em BH, por exemplo, a pessoa tem que entrar no site para achar os endereços das escolas em que as vacinas estão disponíveis. Talvez se tivesse uma campanha mais ampla, não só pelos canais oficiais, mas com participação de todos órgãos ligados às crianças, conseguisse maior adesão”, sugere a especialista.
A pediatra voltou a lembrar os riscos que as famílias correm quando optam por não vacinar as crianças. “Percebo que há muito medo dos efeitos adversos possíveis da vacina, mas não se informam bem sobre as complicações e sequelas que pode-se ter com a infecção pelo vírus”, alerta. Entre os sintomas mais comuns, ela destacou a Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (Simp).
“Ela não ocorre imediatamente quando se tem a infecção, mas duas a três semanas depois e demanda um tratamento com medicamentos caros, internação em terapia intensiva”, acrescenta
Outra consequência pode ser sequelas pulmonares que podem acompanhar a criança pelo resto da vida. “São muitas complicações para uma doença imunoprevenível. Não justifica ter casos graves mais, uma vez que já existe vacina aprovada”, atestou a médica.
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