A exigência de apresentação de resultado negativo de Covid-19 para jogos de futebol e eventos com público superior a 500 pessoas em Belo Horizonte vai amplificar ainda mais a demanda por testes de diagnóstico da doença na cidade, que cresceu mais de 500% em janeiro. Em alguns estabelecimentos, só há estoque disponível até o final desta semana para o exame de antígeno. A modalidade tem valor inferior ao do RT-PCR e resultado divulgado com prazo mais curto.
Até o próximo domingo, a capital vai receber três jogos: Cruzeiro x América nesta noite, Atlético x Patrocinense e América x Athletic. Em todos, os torcedores precisam levar o laudo comprovando a não infecção pelo coronavírus. Nessa terça-feira, O TEMPO visitou alguns postos de testagem na capital e observou que a população ainda enfrenta dificuldades para conseguir realizar o exame de diagnóstico, apesar de os principais laboratórios e drogarias garantirem dar conta da demanda.
A empresária Juliana Calixto, 40, disse que só encontrou exames em uma unidade drive-thru da Drogaria Araujo, no bairro Cidade Nova. “Outras lojas não têm o teste”, afirmou. Ela foi levar os dois netos, ambos de 6 meses, e a nora para fazer os exames.
O estudante de medicina Alexandre Sales, de 31 anos, buscou o teste para conseguir ir ao clássico entre Cruzeiro e América. Ele relatou que não encontrou testes disponíveis em unidades do Hermes Pardini. Além da não disponibilidade dos exames, o preço assusta. “Está muito caro, não há desconto nenhum. Para ir ao jogo inviabiliza, porque fazer um teste por R$ 120, que é quatro vezes o valor do ingresso, começa a ficar sem sentido ir ao evento”, reclama.
Em nota, a Araujo e os laboratórios São Marcos, São Paulo e Hermes Pardini informaram que possuem estoques suficientes para absorver a demanda por exames que surgirá a partir da exigência para participação de eventos.
Já no Lustosa, segundo o diretor técnico do laboratório, Adriano Basques, o estoque de antígeno é suficiente apenas para esta semana. “Ainda temos estoque, mas os fornecedores ainda oscilam muito. Dependendo da procura podem ocorrer falhas pontuais”, admite. O problema, no entanto, não se estende ao RT-PCR, ofertado dentro da normalidade.
O vice-presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Estado de Minas Gerais (Sincofarma), Rony Azevedo, ressaltou que as farmácias que oferecem a testagem já conseguiram repor os estoques, após semanas sem conseguir fazer a compra dos testes. “O mercado já se normalizou, mas o preço de compra ainda não é o praticado antes de janeiro”, garante Rony.
Para quem tentou fazer o teste nas unidades ofertadas pela prefeitura de Belo Horizonte, não houve dificuldades. Em todas as seis faculdades em que o serviço é ofertado havia horários disponíveis ontem. Conforme a prefeitura, nestas unidades só é possível fazer o exame pacientes sintomáticos da Covid-19, cenário que não foi observado no Centro Universitário Una, no bairro União.
“Fiz um check-up e consegui fazer o teste. Não me perguntaram sobre o jogo, só olharam o agendamento e me direcionaram”, disse o estudante Vinicius Siqueira, de 17 anos, que fez o procedimento, gratuitamente, para ir ao jogo entre Brasil x Paraguai, no Mineirão.
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