Após anunciar a criação da Sociedade Anônima do Futebol (SAF), o Cruzeiro deu mais um passo na transformação em clube-empresa. O time enviou à CBF o aviso para transferir suas vagas na Série B e no Campeonato Mineiro para sua empresa. Além disso, a instituição vai discutir a venda para investidores em assembleia a ser realizada no próximo dia 17. No início desta semana, o clube também postou o “nascimento” do novo CNPJ nas redes sociais.
Paulo Assis, o CEO do clube, explicou esse e outros processos na “era da SAF” em entrevista ao Portal UOL publicada hoje (8). “A criação do CNPJ representa o surgimento da empresa apta para poder operar. Nos próximos passos, há ações que dependem de outras e a operação em si. Cruzeiro encaminhou um ofício à CBF para solicitar a transferência dos ativos do Cruzeiro. Vou receber um login e senha da CBF. Preciso primeiro que transfira as vagas”, explicou Paulo.
O CEO ressaltou que o Cruzeiro foi o primeiro clube a fazer esse procedimento: “Isso é novo para a CBF, no formato da lei, fomos os primeiros. Agora é esperar para a CBF para transferir: a vaga na Série B do Brasileiro, vaga na Série A do Mineiro. Vai fazer nesta janela agora. É o momento para fazer isso. Em seguida, serão transferidos contratos de jogadores”.
Segundo Paulo Assis, o grupo de investidores interessados na compra da agremiação solicitou uma parcela superior a 49% no acordo: “Convocamos uma assembleia do Cruzeiro para a possibilidade de negociar mais de 49% da SAF. Pretende ter isso depois do dia 17. Percebemos que captar os recursos sem ceder o controle seria difícil. Sabíamos, mas buscamos estressar isso, tentar (sem vender o controle). Espero que permita uma velocidade maior no negócio”.
Novo CNPJ do Cruzeiro, postado pelo clube nas redes sociais (Reprodução/Twitter/@Cruzeiro)
De acordo com o CEO, não se trata de estabelecer um critério de maior investimento. “A gente vai sempre trabalhar no que oferecer o melhor custo-benefício para o clube. Não pode ser só quem pagar mais. Conta o investidor com maior expertise (em futebol), velocidade de aporte de dinheiro”, ressaltou.
Uma das garantias do modelo adotado pelo Cruzeiro na transformação em clube-empresa é o mantimento da identidade do clube. “Do lado da associação, vamos preservar pelo menos 10%, com isso, resguardar direito de assuntos afirmativos como escudo, sede, cor, para manter a identidade. A formatação do Conselho de Administração vai ser negociada com o que o investidor vai querer”, assegurou Paulo Assis.
O processo de transformação em SAF não é rápido, pode demorar meses e até anos. Paulo Assis afirmou que existe um projeto estruturado e fez um panorama da expectativa do clube: “Quando tiver a proposta na mesa, faremos uma ‘due dillegence’ (auditoria das suas partes em uma transação) de pelo menos seis meses. A média de mercado é maior”.
O “renascimento” do time celeste vai ocorrer aos poucos. “Vamos precisar de um tempo para colocar isso de pé. Não é um produto que está precificado de forma corriqueira. A gente encara como um renascimento, mas é um meio e depende de como vamos tocar o projeto. Estamos criando uma viabilidade para o Cruzeiro voltar a ter potencial de investimento amanhã”, frisou Paulo.
Paulo Assis também abordou os produtos variados que envolvem o clube e podem dar lucro ao Cruzeiro. “Além das receitas de TV, há uma diversificação de receitas, há NFTs, Fan Tokens. No médio prazo, vão ter o incremento, a gente vê como entretenimento ao vivo é o que tem mais valor. Futebol tem essa característica”, detalhou.
O CEO exaltou a torcida, que continua apoiando financeira e simbolicamente o clube no momento adverso. “Estamos sendo bem conservadores nas estimativas de receitas recorrentes. É bem interessante, torcida do Cruzeiro, sem fazer nada excepcional, ela justifica o investimento no clube”, finalizou.
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