O mundo está enfrentando uma quarta onda da pandemia de Covid. Essa foi a avaliação feita pela diretora-geral adjunta de acesso a medicamentos e produtos farmacêuticos da Organização Mundial da Saúde (OMS), a brasileira Mariângela Simão, durante o Congresso Brasileiro de Epidemiologia. Segundo ela, o vírus continua evoluindo com variantes mais transmissíveis e, por isso, os casos voltaram a crescer exponencialmente na Europa nas últimas semanas.
Na Áustria, país com 65% da população completamente imunizada, foi decretado lockdown de dez dias para conter uma escalada de internações. Com mesmo nível de vacinação do país vizinho, a Alemanha vivencia recordes diários de casos de Covid e UTIs lotadas.
Mas Brasil tem chance de vivenciar uma quarta onda em breve? Essa pergunta tem sido feita por especialistas em todo o país, garante o infectologista Leandro Curi. Segundo ele, há um temor de que o Brasil vivencie um novo pico de casos, especialmente porque no fim do ano costuma haver um aumento na interação interpessoal – confraternizações, Natal, Réveillon, férias escolares.
A grande adesão dos brasileiros ao processo de vacinação, porém, pode impedir um novo pico num breve futuro. Atualmente, 60% da população está completamente imunizada e 86% tomou ao menos uma dose. E boa parte dos idosos e profissionais da saúde já recebeu o reforço.
“As chances de uma quarta onda no Brasil existem, mas são baixas. Nós superamos muitos países europeus em porcentagem de pessoas vacinadas e temos uma cultura de valorização da imunização em massa, o que não é comum em todos os países. Sabemos que muita gente não voltou para a segunda dose, mas estamos conseguindo fazer a vacinação penetrar bem na população”, afirma Curi, lembrando que o Brasil não tem um movimento antivacina tão forte quanto nos países europeus.
O Brasil também tem um grande número de pessoas que foram infectadas previamente pelo coronavírus. Mais de 21 milhões de brasileiros se recuperaram da Covid desde o início da pandemia. Mas não é fácil prever se isso vai ajudar a conter uma nova onda.
“Os dados mostram que a imunização pós-Covid é pouco duradoura, poderia durar por três meses, para depois cair de forma drástica. A maior proteção seria, na verdade, para quem teve infecção e depois tomou a vacina”, diz o infectologista. Além da vacinação, Curi defende a manutenção do uso de máscaras em espaços públicos para evitar a transmissão do coronavírus.
De acordo com o especialista, no início de 2022, após as festas de fim de ano, será possível verificar se o Brasil conseguiu barrar um novo crescimento de casos de Covid por meio da vacinação.
Europa pode ter mais 700 mil mortes por Covid
Se medidas de controle não forem tomadas na Europa, continente poderá registrar 700 mil mortes a mais por Covid até março. Esse foi o alerta feito ontem por Hans Kluge, diretor para o continente da OMS. Segundo ele, além da ampliação da vacinação, também é preciso incentivar o uso de máscaras e o distanciamento social.
Caso a previsão da organização se mantenha, a Europa poderá encerrar o inverno com a contagem de 2,2 milhões de mortos pela Covid durante toda a pandemia. Até o momento, mais de 5 milhões de pessoas morreram pela doença em todo o mundo.
O problema é que, mesmo com os alertas, muitos países têm registrado protestos de pessoas contrárias às medidas de contenção da Covid. Manifestações em países como Holanda e Áustria reuniram milhares de pessoas. Em Amsterdã, houve registro de prisões e feridos durante um confronto entre manifestantes e forças de segurança.
A média de óbitos diários vem crescendo desde o final do verão europeu e, de acordo com a OMS dobrou, de 2.100 no final de setembro, para 4.200 na semana passada.
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