Uma pesquisa inédita realizada pelo Centro de Atendimento e Inclusão Social (Cais) propõe diretrizes para melhorar o atendimento a bebês prematuros ou que passaram pela UTI Neonatal após o parto.
O estudo feito entre 2016 e 2020, com 384 bebês assistidos pela ONG, com autorização do Ministério da Saúde, conclui que, a partir do nascimento do prematuro, é imprescindível que haja uma atenção integral para prevenir e reduzir os danos que possam ocorrer durante o desenvolvimento da criança, identificando patologias e tratando-as desde o início.
As coordenadoras da pesquisa, as psicanalistas Cristina Abranches e Simone Gordiano, defendem que o atendimento a esses bebês deve durar, no mínimo, três anos, com o acompanhamento de uma equipe multidiciplinar formada por neurologista, fonoaudiologista, terapeuta ocupacional, assistente social, psicanalista, fisioterapeuta e músico. Além de garantir melhores resultados no desenvolvimento das crianças, o estudo do Cais revela que isso pode resultar em economia para os cofres públicos e o próprio SUS.
“Se a criança chega mais cedo, o tratamento é mais rápido, diferentemente daquela que chega com 6 anos. É importante que o bebê que sai da UTI vá para o atendimento clínico. Às vezes, eles chegam com 1 ano de idade e já é tarde”, endossa Cristina Abranches.
A tatuadora Fernanda Natilly Barros Fraga, 23, teve pré-eclâmpsia na gravidez e sua filha Sara nasceu com 6 meses. “Ela ficou no CTI durante quatro meses”, contou. Ao ter alta na maternidade, a criança foi encaminhamento para o Cais. “O acompanhamento foi indispensável porque eu não estava esperando ter um bebê prematuro. E lá têm toda uma equipe de especialistas”, disse.
Natilly explica que a filha teve uma hemorragia no cérebro e corre risco de ter algum problema neurológico. “Os especialistas ainda não sabem, mas ela pode ter uma dificuldade em matemática, ter algum distúrbio. Por agora, é só acompanhar o crescimento”, conclui.
NOVEMBRO ROXO CHAMA ATENÇÃO PARA OS ÍNDICES DE PREMATURIDADE
Solicitado pelo Cais, a Câmara dos Vereadores de Contagem vai debater a pesquisa sobre bebês prematuros, em audiência pública, no próximo dia 17, Dia Mundial da Prematuridade.
A data foi criada para chamar atenção para o alto índice de prematuridade. Este também é o mês internacional da sensibilização para essa causa e, por isso, é chamado de Novembro Roxo.
Todos os anos, 15 milhões de crianças nascem prematuramente no planeta, cerca de 13% só no Brasil.