Com o avanço da vacinação contra Covid-19 e o fim das regras de distanciamento em eventos, oficializado na última semana pela Prefeitura de Belo Horizonte, bares e restaurantes preparam-se para receber o público novamente em festas de Ano-Novo e outras confraternizações de final de ano, com esperança de avançar na recuperação de prejuízos acumulados ao longo dos últimos 21 meses. Ao mesmo tempo, a demanda por viagens na virada segue em escalada, mas ainda aquém do patamar de 2019.
O Porcão, churrascaria no bairro São Bento, na região Oeste de BH, já reúne uma lista de clientes interessados na tradicional festa de réveillon do restaurante, que ainda não foi anunciada oficialmente. “Temos 250 lugares no restaurante e capacidade para atender mais 1.300 pessoas na área de eventos. Já temos interessados o bastante para encher a casa”, diz o gerente Elias José. O preço dos ingressos deve ser mais salgado neste ano, dada a inflação que atinge carne, gás de cozinha e outros insumos.
A demanda por reservas para confraternizações de equipes de empresas também já ganha fôlego, segundo José. “Estamos com uma demanda muito boa para o final do ano, o Dia de Finados já foi nosso primeiro feriado na pandemia com a casa cheia”, comemora.
O Underground Black Pub, no bairro Dom Cabral, na região Noroeste de BH, aproveitará o fim do distanciamento obrigatório em eventos para receber sua primeira festa de réveillon, após planos frustrados em 2020. “As vendas estão aceleradas, e já estamos com quatro bandas, para a festa das 22h às 6h”, diz o produtor cultural da casa, Bruno Marques. Com a alta demanda e a liberação de ocupação total de bares, o grupo que gerencia a casa também pensa em oferecer festa de réveillon em mais uma unidade.
O presidente da Associação Mineira de Eventos e Entretenimento (Amee), Rodrigo Marques, estima que o setor de festas levará até três anos para recuperar os prejuízos acumulados ao longo da pandemia.
As festas de fim de ano, aliadas ao fim da restrição de público, será um forte impulso para a retomada, na perspectiva dele. “Vai ter réveillon em Belo Horizonte. Será um marco em nosso setor”, pontua Marques.
Na contramão das expectativas, o Pampulha Iate Clube (PIC) não sediará,pelo segundo ano consecutivo, seu tradicional Réveillon Amarelo e Branco. O presidente, Wilson de Oliveira Filho, explica que, com a espera pela prefeitura flexibilizar as regras para eventos nos últimos meses, o clube não teve tempo de organizar a festa ou dar a chance de os associados parcelarem o ingresso do eventos, como é feito todo ano. “Mas pode contar que vamos fazer um ‘big’ festa junina (em 2022)”, diz.
Ainda que a vacinação já tenha se provado eficaz para fazer os índices da pandemia despencarem, especialistas recomendam cuidado com aglomerações sem controle neste momento, enquanto governos estaduais e municipais derrubam restrições.
“A desobrigação do uso de máscaras em situações de risco e a liberação, por parte de governos locais, de eventos que causem aglomeração, precisam ser observadas com extrema cautela e com o monitoramento contínuo nas próximas semanas”, alertam pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em boletim publicado nesta semana.
Em Minas Gerais e em BH, o uso de máscara segue obrigatório em qualquer espaço público – o secretário de Estado de Saúde, Fábio Baccheretti, não descarta discutir o fim da medida, porém. Nesta semana, BH suspendeu o distanciamento em eventos sociais, bares e restaurantes, que podem ter lotação de 100%. No caso de eventos como shows, todos os participantes devem apresentar comprovante de vacinação completa ou teste negativo de Covid-19 caso o público ultrapasse 2.000 pessoas.
Neste ano, o réveillon será comemorado entre uma sexta-feira e um sábado, o que encurtará a oportunidade de faturamento da rede hoteleira, na perspectiva do presidente da Associação Mineira de Hotéis de Lazer (AMIHLA), Rodrigo Baltazar.
“Praticamente todos os hotéis de lazer estão programando fazer festa de réveillon. Mas não vamos ter feriado para emendar com final de semana neste ano, então é uma festa em que a pessoa vai na sexta para voltar no domingo. O faturamento vai ser como o de um final de semana normal”, prevê.
Mesmo com a limitação, a dois meses da data, hotéis já se movimentam: no Tauá Grande Hotel Termas de Araxá, por exemplo, as reservas para o dia 31 chega a 54% atualmente, enquanto em 2019, antes da pandemia, batia em 44% para a mesma época.
A plataforma de locação temporária de imóveis Airbnb, por outro lado, anunciou que proibirá confraternizações de Ano-Novo nos locais alugados.
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