O mercado reagiu muito mal à declaração do ministro da Economia, Paulo Guedes, que indica derrota na batalha contra planos de romper o teto de gastos, diante da insistência do presidente Jair Bolsonaro em manter o Auxílio Brasil em R$ 400 mensais. Investidores temem o descontrole fiscal.
O dólar e os juros futuros disparavam nos primeiros negócios da manhã desta quinta-feira (21), com a moeda norte-americana superando R$ 5,67, enquanto taxas de contratos de DI saltavam 60 pontos-base.
O dólar spot saltava 1,81%, a R$ 5,6629, às 9h11, após máxima de R$ 5,6753. Os juros futuros tinham forte aumento nos prêmios, com o DI janeiro 2025 voando 60 pontos-base, a 11,50% ao ano.
Já o dólar turismo era negociado na casa dos R$ 5,93; nas lojas de câmbio, superava R$ 6,20 nas compras da moeda em cartão pré-pago.
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) operava em queda de cerca de 2% em meio aos temores de descontrole fiscal.
Já os ativos brasileiros negociados nos mercados externos despencavam na manhã desta quinta-feira, replicando a má reação a declarações de Paulo Guedes sobre despesas fora do teto de gastos.
Na renda fixa, o Tesouro até já antecipou a divulgação de lotes pequenos para o leilão de títulos prefixados desta quinta, que costuma ser feita às 10h30, ajudando a aliviar um pouco a pressão na curva de juros.
No câmbio, há expectativas também sobre nova intervenção do Banco Central, com injeção de liquidez "extra", que poderia amenizar também a volatilidade, e porque o real opera bem mais desvalorizado ante o dólar no exterior do que seus pares emergentes e ligados a commodities.
O exterior tampouco ajuda, num dia de queda das bolsas de valores e de moedas emergentes, em meio a renovados temores relacionados ao mercado imobiliário chinês.
Paulo Guedes disse na quarta-feira (20) que o governo avalia se o benefício temporário que irá vitaminar o novo Bolsa Família será pago fora do teto, o que demandaria uma licença para um gasto de cerca de R$ 30 bilhões, ou se haverá opção por uma mudança na regra constitucional do teto de gastos para acomodá-lo.
O chefe da Economia afirmou ainda que caberá ao relator da PEC dos Precatórios, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), viabilizar uma fórmula que garanta o pagamento de um benefício social de R$ 400 em 2022 respeitando o arcabouço fiscal do país.
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