Reparar os danos ambientais, econômicos e sociais causados pelo rompimento da barragem de Fundão (novembro de 2015, Mariana/MG) exige uma atuação integrada, que envolve cuidar da saúde dos cursos hídricos e das áreas de preservação permanente, ações de infraestrutura e o estímulo à atividade econômica e ao desenvolvimento das comunidades.
A recuperação socioeconômica é indissociável da reparação. O incentivo à retomada da atividade econômica faz parte das ações empreendidas pela Fundação Renova na reparação da bacia do rio Doce e acontece por meio da diversificação econômica dos municípios, do fomento ao desenvolvimento das cadeias produtivas e do estímulo às micro e pequenas empresas.
“Agora temos pra quem vender”
Ana Paula Alves Souza
Na cidade de Rio Casca (MG), mais precisamente na comunidade de Rochedo, Zona Rural do município, vive Ademar Vieira Dias. Sua família e aproximadamente outras 30 que vivem nos distritos vizinhos de Córrego Preto e Leonel sempre plantaram feijão, mas tinham dificuldade de escoar a produção.
Essa realidade começou a mudar em 2020, com a chegada do Projeto Feijão. Iniciativa da Renova, em parceria com a Alnutri e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), ele foi criado para apoiar esses pequenos produtores a aperfeiçoar o cultivo e a qualidade dos grãos, acessando um mercado maior e ampliando a renda.
Já na primeira safra os resultados surpreenderam, atingindo o dobro da produção de 2019. Juntas, as safras de 2020 e 2021 totalizaram 686 sacas (cerca de 41 toneladas) de feijão carioca, da variedade maré. Com grãos de qualidade superior, o valor da saca também dobrou. Toda a produção foi adquirida pela parceira Alnutri por um preço 120% maior do que a média de venda anterior.
“A gente plantava, mas não havia quem comprasse. Agora, trabalhamos sabendo que nosso produto tem valor e que temos a quem vender”, comemora seu Ademar, rodeado por muitos sacos de feijão que aguardam a chegada do caminhão para o escoamento de toda a produção.
As contratações de fornecedores para as ações de reparação também priorizam negócios locais, que chegam a 58% dos contratados. Até agosto de 2021, 926 contratos com empresas de localidades atingidas somavam R$ 1,11 bilhão e geraram R$ 228,5 milhões em Imposto Sobre Serviços (ISS) aos cofres dos municípios.
Além disso, são oferecidas linhas de crédito, através do Fundo Desenvolve Rio Doce. Foram mais de R$ 58,4 milhões emprestados a 1.537 micro e pequenas empresas nos dois estados, até agosto de 2021.
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