Na última década, Minas Gerais avançou no desenvolvimento da energia fotovoltaica, mas a base da matriz energética do Estado continua sendo hidráulica. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a fonte hídrica é responsável por 81,06% da energia mineira, seguida por biomassa (10,02%), fóssil (5,68%) e solar (3,25%).
Desde 2012, quando a microgeração de energia foi regulamentada pela Aneel, a geração própria de energia solar recebeu R$ 5 bilhões de investimento no Estado, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Essa fonte de energia está presente em 844 dos 853 municípios de Minas Gerais – o primeiro Estado do país a atingir 1 GW (gigawatt) de potência instalada de geração distribuída, de acordo com dados da Aneel.
Energia eólica. A energia proveniente do vento dá seus primeiros passos no Estado. Segundo dados da Agência de Promoção de Investimento e Comércio Exterior de Minas Gerais (Indi), o Estado possui um potencial de energia eólica de aproximadamente 40 GW. Isso considerando ventos superiores a 7 m/s. As áreas mais favoráveis são as regiões do Triângulo Mineiro, Norte e Nordeste.
Neste ano, o governo estadual anunciou um acordo com a empresa Sowitec que inclui a construção de uma fonte híbrida (eólica e solar), no Norte de Minas. Quando estiver totalmente implantado, o projeto poderá atender, em média, 1,5 milhão de residências por ano.
Autogeração. Ainda há exemplos de empresas que adotam a autogeração de energia no Estado. É o caso da produtora de ferro-gusa Metalsider, de Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte. Entre os projetos da companhia, está uma termoelétrica própria, que produz energia para o processo produtivo, causando economia para o município, como explica o diretor da Metalsider, Márcio Lima.
“A termoelétrica aqui dentro utiliza o excesso de gases que sai de dentro do reator como combustível para cogeração de energia elétrica. Então, quando você coloca o carvão no alto-forno, o carvão, que é o carbono, que reage com o minério de ferro, solta o CO e o CO2. E, em vez de jogar o CO para a atmosfera, nós o queimamos e geramos calor, que aquece a água, gera vapor em alta pressão e toca a turbina para a geração de energia elétrica”, diz.
Olhando para o futuro, o diretor da Metalsider, Márcio Lima, projeta uma crescente demanda por energia fotovoltaica no Brasil e em Minas. “A gente mantém a nossa base do sistema de produção de energia relacionada ao sistema hídrico, que é muito importante, mas isso deve ser complementado. E Minas Gerais tem avançado nesse sentido. O que seria importante é viabilizar o transporte dessa energia, porque muitas pessoas querem produzir, mas não existem linhas capazes de receber tamanho investimento. Deveria haver um esforço para gerar mais linhas de transmissão”, analisa.
A energia fotovoltaica é capaz de impulsionar uma cadeia produtos e serviços. É a fonte renovável que mais gera emprego no planeta. A cada novo megawatt de energia solar instalado, são criados entre 25 e 30 novos postos de emprego no mundo, segundo estudo da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena).
Turistas deixaram de frequentar cidades, pescadores passaram a ter prejuízos, hotéis ficaram vazios e agricultores têm dificuldade para irrigar lavouras. Esses são alguns prejuízos apontados nas cidades mineiras banhadas pelo lago da hidrelétrica de Furnas. Um pacote de medidas para auxiliar os municípios foi anunciado.
O chamado “Mar de Minas” é responsável por cerca de 50 atividades econômicas em seu entorno, segundo prefeituras, Associação dos Municípios do Lago de Furnas (Alago) e o comitê da bacia hidrográfica. O recuo da água chegou a 8 km em cidades como Alfenas e Areado.
Para não prejudicar as atividades, entidades e o setor turístico afirmam que o volume útil do reservatório deveria ficar acima de 55%, mas na última quinta-feira (7) estava em 13,76%, segundo o Operador Nacional do Sistema (ONS). Setembro teve o pior índice para o mês desde 2001, quando o país passou por racionamento de energia elétrica.
Em reunião em Alfenas em que se discutiu o cenário atual da região, o presidente de Furnas, Clovis Torres, anunciou medidas para auxiliar os municípios, que incluem programas para pescadores e o setor de turismo, renovação de balsas e reabertura do escritório da empresa em Belo Horizonte. As cidades pediram também a construção de diques.
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