O site megacidade.com apura os bastidores de uma das eleições mais acirradas e secretas da política: a de presidente da Câmara Municipal de Sete Lagoas e da Mesa Diretora – no total, são cinco vereadores – que, a partir de 1º de janeiro de 2017 conduzirão os trabalhos do Poder Legislativo. Na disputa, dois candidatos do mesmo grupo político que apoiou o prefeito eleito Leone Maciel, os vereadores Cláudio Henrique Nacif Gonçalves (Caramelo), do PRB, e Marcelo Pires Rodrigues, mais conhecido como Marcelo Cooperseltta, do PMDB.
Poucas eleições estão sendo tão disputadas como essa. A diferença entre o candidato vencedor e o perdedor pode ser de um voto, apurou a reportagem do site nos conflituosos bastidores da política. Detalhe importante: diferentemente das outras eleições da Presidência da Câmara, a que está por vir será a primeira eleição com voto aberto da História da Casa.
Para você ficar por dentro de quem são os candidatos e o que pensam quando chegarem à principal cadeira da Câmara, o megacidade.com entrevistou os vereadores Caramelo e Marcelo da Cooperselta. Em primeirão mão, veja o que eles responderam, inclusive sobre uma enquete que deu o que falar, pois foi auditada e descobriu-se que mil votos para o vereaor do PMDB partiram de um só computador, instalado na Câmara Municipal, o que fez com que o jornal que realizou a enquete anulasse essa votação.
ENTREVISTA – VEREADOR MARCELO COOPERSELTA
O senhor se sentiu favorecido com a enquete que o apontava como preferido à Presidência da Câmara Municipal? E como vê que mil votos, segundo o jornal que realizou a enquete, vieram de um mesmo computador instalado na Câmara Municipal?
Vereador Marcelo Cooperseltta: Favorecido não. Me senti honrado. Estar na frente de uma pesquisa, na qual se considera o voto popular é muito significativo. Na verdade, esses votos não vieram de um único computador. O que foi registrado foi o servidor da Câmara, que alimenta várias máquinas. A pesquisa é aberta ao público. Quem comunga com nossas propostas é um simpatizante do grupo. Tanto a população em geral quanto os servidores poderiam votar. O erro não está de onde veio esta quantidade de votos e sim a possibilidade de se votar mais de uma vez.
Como pretende conciliar uma obra importante como a sede própria da Câmara Municipal com a queda dos repasses financeiros feitos pelo Poder Executivo?
Vereador Marcelo Cooperseltta - A sede da Câmara é uma necessidade. Além de representar uma economia considerável para o cofre do município, será a concretização de um sonho dos vereadores. A nova estrutura vai proporcionar melhor acesso para a população e visitantes e mais conforto para os servidores e parlamentares. O atual momento financeiro do município é preocupante. Pretendemos priorizar inicialmente as necessidades básicas da população. A obra será viabilizada, mas com planejamento e dentro do orçamento.
O senhor é do PMDB, mesma sigla do prefeito eleito Leone Maciel. No entanto, o vereador Caramelo (PRB) também é da base de Leone. O resultado da eleição não será o mesmo para as relações entre Executivo e Legislativo, visto que ambos os candidatos são da base aliada do prefeito eleito?
Vereador Marcelo Cooperseltta: O resultado não será o mesmo. Somos pessoas diferentes e com pensamentos diferentes, em que pese as propostas serem parecidas. Mas cada um tem uma forma de administrar. A relação com o executivo, acredito que será ótima em qualquer das duas gestões, mas isso não retira as particularidades de cada proposta.
Hoje, Sete Lagoas vive uma crise na saúde pública, atrasos na folha de pagamento, endividamento. Como a Câmara Municipal vai lidar com esse cenário caso o senhor seja eleito presidente?
Vereador Marcelo Cooperseltta - Planejamento. A matemática não é tão simples quando se trata de administração pública, mas, se cai a arrecadação, as despesas também tem que cair. Isso vale para qualquer gestor. Os serviços públicos, principalmente os essenciais para a população, não podem parar. O servidor precisa estar satisfeito e recebendo em dia. A função primária da Câmara é legislar e fiscalizar.Na minha opinião, o bom administrador não pode se esquecer jamais disso. As outras necessidades têm de ser pesadas na balança.
O senhor arrisca quantos votos tem hoje entre os vereadores e quantos tem seu adversário?
Vereador Marcelo Cooperselta - Hoje temos um grupo de 9 vereadores. Meu nome está à disposição deste grupo. Esse número é devido ao grupo que montamos após as eleições para fortalecer o nosso trabalho e gerar bons resultados para a cidade. Não tenho como mensurar os simpatizantes das propostas do Caramelo. As duas estão sendo apresentadas. As duas são perfeitamente plausíveis.
O senhor tem o apoio do atual presidente da Câmara, vereador Fabrício Nascimento (PRB), que implementou uma nova gestão no Legislativo, obtendo, inclusive a certificação ISO 9001, a primeira concedida a uma Casa Legislativa no País?
Vereador Marcelo Coperseltta - ÂÂ A gestão do Fabrício Nascimento aprimorou muito o serviço desenvolvido na Câmara. A Certificação ISO 9001 versão 2015 é de fato uma das marcas desta administração. Todos os gestores, de uma forma ou de outra, buscam aperfeiçoar a administração, no sentido de deixar o serviço mais célere e consequentemente menos burocrático. A nossa proposta também tem um norte, um ponto a ser alcançado e que também vai trazer muitos beneficios à Câmara e a população em geral. Para acontecer, a gente tem que ter a oportunidade de implementar.
O senhor, caso eleito presidente da Câmara, pretende mudar as normas que regem o uso da verba indenizatória de R$ 8.500,00 a que cada vereador tem direito de usar por mês, considerando as graves dificuldades pelas quais Sete Lagoas vive?
Vereador Marcelo Cooperseltta - Tudo será analisado. A verba indenizatória é legal, está prevista em lei, além de ser rigorosamente avaliada pelo setor financeiro da casa. A queda no repasse vai interferir em tudo. Precisaremos avaliar dentro de uma perspectiva macro. Não só para, como eu disse em outras oportunidades, evitar gastar mais do que se arrecada, como também para não prejudicar a continuidade dos serviços.
ENTREVISTA – VEREADOR CARAMELO
O senhor se sentiu desfavorecido com a enquete sobre o candiato preferido à Presidência da Câmara Municipal? E como vê que mil votos, segundo o jornal que realizou a enquete, vieram de um mesmo computador instalado na Câmara Municipal?
Vereador Caramelo – Não me senti desfavorecido em momento algum. O Brasil é um país democrático e o respeito pelas opiniões adversas é fundamental. Burlar uma enquante é que vejo como uma situação lamentável em um momento em que o país clama por seriedade e honestidade. Ao subtrair os votos em duplicidade da enquete, vimos a real expectativa dos setelagoanos.
Como conciliar uma obra importante como a sede própria da Câmara Municipal com a queda dos repasses financeiros feitos pelo Poder Executivo?
Vereador Caramelo – É essencial fazer um trabalho bem feito, com muita seriedade e comprmisso e segui-lo à risca para que não haja surpresas ao longo do mandato, evitando contratempos desnecessários.
O senhor é do PRB, partido da base aliada do prefeito eleito Leone Maciel. No entanto, o vereador Marcelo Cooperseltta é da mesma sigla do prefeito, o PMDB. O resultado da eleição não será o mesmo para as relações entre Executivo e Legislativo, visto que ambos os candidatos à Presidência são da base de Leone Maciel?
Vereador Caramelo – De forma alguma. Somos da base de Leone, mas temos perfis e formas diferentes de atuação.
Hoje, Sete Lagoas vive uma crise na saúde pública, atrasos na folha de pagamento, endividamento. Como a Câmara Municipal vai lidar com esse cenário caso o senhor seja eleito presidente?
Vereador Caramelo – É de fundamental importância um franco e contínuo diálogo entre o Executivo e o Legislativo, com muito respeito, levando-se em conta o que cabe a cada poder. Desta forma, em conjunto, acredito que possam ser melhor trabalhadas maneiras de vencer a crise.
O senhor arrisca quantos votos tem hoje entre os vereadores e quantos tem seu adversário?
Vereador Caramelo – Prefiro não arriscar, nem fazer conjecturas. Como dizia Magalhães Pinto, “política é igual nuvem, você olha e está de um jeito, você olha de novo e ela está diferente.” Podemos nos surpreender, e muito, até o momento da eleição.
ÂÂ O senhor tem o apoio do atual presidente da Câmara, vereador Fabrício Nascimento (PRB), que implementou uma nova gestão no Legislativo, obtendo, inclusive a certificação ISO 9001, a primeira concedida a uma Casa Legislativa no País?
Vereador Caramelo – Sim, hoje eu conto com o apoio de Fabrício. Somos, inclusive, do mesmo partido. Admiro muito o trabalho dele. O ISO 9001 foi uma das relevantes ações dele como presidente da Câmara.
O senhor, caso eleito presidente da Câmara, pretende mudar as normas que regem o uso da verba indenizatória de R$ 8.500,00 a que cada vereador tem direito de usar por mês, considerando as graves dificuldades pelas quais Sete Lagoas vive?
Vereador Caramelo – Tudo tem que ser muito bem estudado. Foi o que disse: um planejamento tem que ser muito bem feito, com muita seriedade e compromisso, e seguirem à risca para as coisas andarem como devem ser.
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