Diante do agravamento da crise hídrica e com o risco de apagão, empresários do setor de alimentação, turismo, entretenimento pedem mais uma vez a volta do horário de verão. A informação é da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), que prepara um novo pedido para ser entregue ao presidente Jair Bolsonaro, nesta quarta-feira (01), junto com a Confederação Nacional do Turismo (CNTur), outras entidades do setor e associações ligadas ao agronegócio.
Segundo o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, a volta do horário de verão contribui com a economia de energia e com os estabelecimentos afetados pela pandemia da Covid-19. “O setor de bares e restaurantes vive uma crise fortíssima e está começando a se recuperar com a retomada das atividades. Da mesma forma, o país enfrenta uma crise de energia importante, grave, que precisa da contribuição de todos. Nós retomamos o assunto da liberação do horário de verão porque acreditamos que qualquer economia de energia vai ser super importante para o país, da mesma forma que qualquer faturamento adicional é importantíssimo para o setor”, diz.
Conforme Solmucci, o faturamento do setor, entre 18h e 21h praticamente duplica com o horário de verão. “Isso é importantíssimo para nós neste momento”, afirma.
Em junho, o apelo chegou a ser feito pelos empresários ao governo federal e, na ocasião, apoiaram a iniciativa a Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar), a Federação de Turismo (Feturismo), o Sindicato de Hoteis (Sindhoteis), além de empresários do setor de eventos. Porém, o assunto voltou à tona, nesta semana, após as recentes declarações do presidente em relação à crise hídrica. Na última quinta-feira (26), Bolsonaro disse em uma live que o país está “no limite do limite”, que as reservas hídricas estão abaixo da capacidade e pediu aos seguidores para apagar um ponto de luz para economizar energia.
Para a gerente de Energia da Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Tânia Santos, qualquer iniciativa que venha a proporcionar economia, neste momento, é bem-vinda. “É preciso que haja ações conjuntas que possam complementar os ganhos com o retorno do horário de verão. Dentre elas, as mudanças de turnos no setor produtivo industrial, a autoprodução de energia acessível à indústria, programas de eficiência energética estão entre as alternativas que precisam ser conjugadas com o retorno do horário do verão para que haja um resultado esperado durante o período de escassez hídrica”, diz.
O empresário e dono das lojas Havan, Luciano Hang, aliado de Bolsonaro, usou as redes sociais, na segunda-feira (30), para defender a volta do horário de verão. “Neste momento, em que o maior programa social que existe é o emprego, temos que incentivar ainda mais medidas que impulsionem a economia brasileira. O retorno do horário de verão é uma estratégia muito importante que trará benefícios para toda a sociedade. Eu apoio e me junto às associações no pedido da volta do horário de verão ao Governo Federal”, disse.
“Hoje, mais de 70 países utilizam a medida, demonstrando que ela influencia sim, positivamente, para a economia. Além disso, neste período em que enfrentamos uma crise hídrica, este artifício também é uma maneira de economizarmos energia elétrica”, acrescenta o empresário.
Procurado, o Ministério de Minas e Energia (MME) informou que tem estudado iniciativas que visam o deslocamento do consumo de energia elétrica dos horários de maior consumo para os de menor, de forma a otimizar o uso dos recursos energéticos disponíveis no Sistema Interligado Nacional. “Neste sentido, a contribuição do horário de verão é limitada, tendo em vista que, nos últimos anos, houve mudanças no hábito de consumo de energia da população, deslocando o maior consumo diário de energia para o período diurno. No momento, não identificamos que a aplicação do horário de verão traga benefícios para redução da demanda”, disse.
HORÁRIO DE VERÃO FOI EXTINTO EM 2019
O horário de verão foi extinto em abril de 2019, por um decreto do presidente Jair Bolsonaro. Na época, a decisão foi baseada em um estudo do Ministério de Minas e Energia, que apontou pouca efetividade na economia energética, e estudos da área de saúde, sobre o quanto o horário de verão afeta o relógio biológico das pessoas.
A medida foi criada em 1931 quando o Brasil começou a antecipar o relógio em uma hora, em anos irregulares até 1968, quando foi revogada. A partir de 1985, foi novamente instituída e vinha sendo aplicada todos os anos, sem interrupção. Em geral, o horário de verão começava entre os meses de outubro e novembro e vigorava até fevereiro do ano seguinte. O objetivo era economizar energia, com o aproveitamento da luz solar, e aliviar o pico do consumo de energia, por volta das 18h.
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