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Saúde Imunização

Dados indicam que 34% de quem tomou AstraZeneca não voltou para segunda dose

Especialistas, porém, revelam que os números não revelam a realidade, já que existem problemas no sistema do SUS. A previsão é de que cerca de 10 milhões de brasileiros completem o esquema vacinal com esse imunizante em julho

14/07/2021 às 12h08
Por: Redação Fonte: Mega Cidade com O Tempo
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Os dados do Ministério da Saúde indicam que 34% das pessoas que tomaram a primeira dose da vacina AstraZeneca/Oxford estão com o esquema vacinal atrasado. O levantamento foi feito pela plataforma Painel da Vacinação Covid-19, desenvolvido pelo Laboratório de Estatística e Ciência de Dados da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) em parceria com a Universidade de São Paulo (USP).

Pode haver um represamento de dados, ainda a serem atualizados pelos municípios brasileiros, mas o levantamento desperta um alerta para a importância de se realizar uma busca ativa por quem está com o esquema vacinal atrasado. Na semana passada, o Ministério da Saúde chegou a lançar uma campanha audiovisual para incentivar as pessoas a tomarem a segunda dose.

A necessidade se torna mais evidente neste mês, já que cerca de 10 milhões de brasileiros que tomaram a primeira dose de AstraZeneca são esperados para receber a segunda até o dia 31 de julho, de acordo com os dados do Painel de Vacinação. Entre eles, 1,19 milhão vivem em Minas.

"É importante que os gestores municipais fiquem atentos para a demanda de segundas doses que vai ocorrer neste momento, porque muitos têm aplicado prioritariamente as primeiras doses nas últimas semanas", afirma Krerley Oliveira, professor da UFAL e coordenador do laboratório que desenvolveu o painel de vacinação. 

Mesmo com atrasos na entrega do ingrediente farmacêutico ativo (IFA), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) garante entregas semanais de doses até 23 de julho. A previsão é de entrega de 12 milhões de unidades este mês. Até o momento, foram produzidas quase 66 milhões de doses e o marco de entrega de 100 milhões deve ocorrer em agosto, segundo a Fiocruz.

Uma possível falta de vacinas para segunda dose pode acontecer em municípios que não tiveram o cuidado de reservar unidades para isso – como aconteceu em maio, quando faltou Coronavac em boa parte das cidades brasileiras que não haviam armazenado as doses.

“Espero que, diante do ocorrido com a Coronavac, os municípios tenham guardado a segunda dose de AstraZeneca. Já havia apontamento de Biomanguinhos de que haveria um tempo de interrupção de produção o fim da importação do IFA e a produção própria. E esses processos não são matemáticos, atrasos podem ocorrer”, explica José Geraldo Ribeiro, epidemiologista e um dos principais especialistas em vacinação de Minas Gerais.

Para Ribeiro, embora os dados do Ministério da Saúde indiquem um grande número de pessoas com esquema vacinal atrasado, os números podem não estar traduzindo a realidade. Isso porque para muitas cidades não é fácil lançar no sistema todas as informações de uma vacinação tão dinâmica. Ainda mais quando os dados são nominais.

“Vivemos uma batalha constante para ter um sistema adequado para gerenciar isso. O total de doses geralmente está correto, mas o dado mais discriminado pode não ter sido lançado de maneira correta. Por isso aparecem tantos casos que parecem de pessoas que teriam recebido a primeira dose de um tipo de vacina e a segunda com outro”, explica Ribeiro.

O presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Minas Gerais (Cosems-MG), Eduardo Luiz da Silva, também acredita que existe um problema no sistema que impede a verificação real de quantas pessoas tomaram a segunda dose de AstraZeneca. “O sistema de informação no SUS é um problema e precisa ser resolvido”, afirma.

Silva diz que todos os municípios mineiros foram recomendados pelo Cosems e por nota técnica da Secretaria de Estado de Saúde para a reserva de vacinas referentes à aplicação de segunda dose. “Inclusive, algumas regionais de saúde têm armazenado essas vacinas para os municípios, pois têm uma melhor capacidade. Percebemos que hoje há uma maior cautela entre os municípios para a reserva da D2”.

Em Belo Horizonte, vacinas garantidas

Em Belo Horizonte, há cerca de 8.700 pessoas, a maioria idosos, que por algum motivo ainda não tomaram a segunda dose da vacina AstraZeneca, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde. Mas esses dados devem ser analisados cuidadosamente, para verificar quantos deles se referem efetivamente a um abandono da segunda dose.

“A análise da cobertura da segunda dose em públicos vacinados com este imunizante ainda é parcial, considerando que a segunda dose é aplicada 12 semanas após a primeira. É importante lembrar que há uma expectativa de que parte do público prioritário de categorias profissionais tenha recebido a segunda dose no município de residência”, afirma a secretaria.

A secretaria garantiu ainda que as vacinas para completar o esquema vacinal de idosos de 63 a 60 anos e trabalhadores da saúde de 18 a 38 anos estão asseguradas. Esses grupos, com cerca de 180 mil pessoas, devem receber a segunda dose de AstraZeneca entre julho e agosto.

Em tempo oportuno

Por nota, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) informa que a recomendação do Programa Nacional de Imunizações (PNI) é a disponibilização das doses (D1) da vacina AstraZeneca. Em tempo oportuno, o PNI irá disponibilizar as doses D2 para a complementação do esquema vacinal.

A pasta afirma ainda que realiza reuniões periódicas com as referências técnicas em imunização das Unidades Regionais de Saúde para divulgação da importância da utilização adequada das doses (D1 e D2) da vacina contra a covid-19.

Há também uma recomendação, às equipes de saúde das secretarias municipais, de um trabalho de busca ativa de faltosos na vacinação, especialmente pela Atenção Primária - por meio dos Agentes Comunitários de Saúde, que realizam um contato direto com cada pessoa vacinada.

"A aplicação da segunda dose é importante para garantir a segurança sanitária de toda a população, uma vez que os estudos científicos publicados até o momento comprovam que para a imunidade ser alcançada, individual e coletivamente, é importante a aplicação das duas doses", diz a SES.

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